Estava em risco a vida de uma pessoa. Um incêndio tinha deflagrado na habitação onde residia e só a rápida e, acima de tudo, assertiva intervenção dos bombeiros poderia salvar esta mulher. Salvamento urbano em contexto de incêndio urbano. Foi este o exercício realizado pela Equipa de Intervenção Permanente (EIP) dos Bombeiros de Alcobaça que o REGIÃO DE CISTER acompanhou a par e passo. Durante cerca de duas horas, vivemos uma experiência arrebatadora. Tudo porque, na ocasião, pudemos comprovar a importância que (realmente) têm os soldados da paz na vida de todos. Porque eles são (efetivamente) um porto seguro para os momentos de maior aflição.
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A entrada na residência foi feita por uma janela. As chamas ainda não tinham chegado à divisão onde a vítima se encontrava. Ainda assim, todo o cuidado era pouco. Mesmo que, tal como diz o adágio popular, a pressa seja inimiga da perfeição, a verdade é que nesta situação (e em tantas outras), é a pronta intervenção dos bombeiros que pode evitar um cenário de tragédia. Foi o caso. Felizmente.
A EIP dos Bombeiros de Alcobaça desencadeou uma operação musculada e minuciosa. Depois de consumada a entrada pela janela, seguiu-se o pronto auxílio à vítima. Que estava prostrada no chão. Teria eventuais lesões nos membros inferiores, algo que viria a obrigar a um cuidado extremo durante a sua imobilização. Que foi feita com sucesso.
Seguiu-se o seu transporte, já de maca, por “via aérea” (ver foto abaixo), para o exterior da habitação. O salvamento estava a correr na perfeição. Sob a voz do adjunto do Comando, os operacionais no terreno desempenhavam as suas funções de forma categórica. Rui Jorge coordenava todos os movimentos, desde o manobrador da autoescada, aos elementos que tinham entrado na habitação para salvar a vítima, sem esquecer, claro, os operacionais que no exterior tratavam de todos os pormenores inerentes ao resgate da acidentada.
Passados cerca de 120 minutos, chegava o momento mais ansiado: a operação tinha sido um sucesso. Foram duas horas de astúcia dos elementos da EIP dos Bombeiros de Alcobaça e que redundaram numa missão bem-sucedida (mais uma…).
“As Equipas de Intervenção Permanente são uma grande mais-valia para todo o concelho de Alcobaça. No nosso caso, temos duas EIP já criadas, sendo que a terceira vem a caminho. Esperemos que ainda possa ser uma realidade este ano. As EIP permitem colmatar uma lacuna durante o período laboral, uma vez que o socorro não pode depender apenas de voluntários. Todos os elementos das EIP são profissionais, mesmo continuando a ser voluntários e a cumprirem todas as obrigações de um bombeiro”, relata Rui Jorge, adjunto do Comando dos Bombeiros de Alcobaça ao REGIÃO DE CISTER.
No fundo, todo o trabalho realizado pelos operacionais que fazem parte das EIP é preparado ao mais ínfimo detalhe para o contexto real. Para isso, os soldados da paz que pretendam incorporar estas equipas têm de obedecer a requisitos obrigatórios e realizar várias provas de seleção. “Além da escolaridade obrigatória e da robustez física e psíquica, têm de ser bombeiros no ativo há pelo menos dois anos. Depois disso, têm de ter também formações obrigatórias, como por exemplo, socorrismo, combate a incêndios urbanos e florestais, intervenção em acidentes (socorro e desencarceramento), bem como carta habilitada para condução de veículos prioritários. A fase do concurso, que é um processo feito pela Associação Humanitária dos Bombeiros de Alcobaça, envolve uma prova teórica e uma prova física”, explica Rui Jorge.
A primeira EIP dos Bombeiros de Alcobaça foi formada a 1 de maio de 2009. Já este ano, mais concretamente a 16 de maio, foi constituída a segunda EIP. Ambas têm cinco elementos cada. Os bombeiros que delas fazem parte são totalmente profissionais, sendo os vencimentos suportados em metades iguais pela Câmara de Alcobaça e pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. Tudo o resto que comporta a formação dos soldados da paz é suportado pela Associação Humanitária dos Bombeiros de Alcobaça. Falamos, a título de exemplo, de todas as ações de formação, bem como dos equipamentos. “Temos um plano de trabalho diário, que envolve treinos e um conjunto de atividades em que os elementos são chamados a intervir. Como é o caso do trabalho de manutenção do quartel, por exemplo. Estamos a falar de operacionais polivalentes no terreno”, acrescenta o adjunto do comando.
Os Bombeiros de Alcobaça estão também dotados de vários meios para a melhor resposta às necessidades da população: cinco ambulâncias de socorro, quatro veículos florestais de combate a incêndio, um veículo de desencarceramento, um veículo urbano de combate a incêndio, um veículo especial de combate a incêndio, um veículo-escada, um veículo tanque tático urbano (9 mil litros), um veículo de apoio logístico (15 mil litros), dois veículos ligeiros de combate a incêndio, um veículo de comando de operações táticas e um veículo tático de transporte de pessoal.
Todos os elementos das EIP têm formação específica para operarem com estes veículos. Os treinos para o efeito são feitos em cenários completamente reais, uma vez que são passíveis de acontecer em qualquer situação: incêndios, acidentes de viação, salvamento de animais, aberturas de portas com socorro, limpezas de pavimentos, transporte hospitalar de doentes urgentes. Em qualquer um destes momentos, os soldados da paz estão prontos a agir. Trabalhando em equipa, com disciplina e profissionalismo. Sempre com o socorro das populações como prioridade.
O corpo dos Bombeiros de Alcobaça é composto, atualmente, por 77 operacionais, sendo que cerca de 40% são profissionais. Mas uma vez que todos são poucos na ajuda ao próximo, a corporação tem sempre as portas abertas ao voluntariado. “Estamos sempre em fase de recrutamento. O nosso trabalho é contínuo e todos contamos para as missões de socorro”, resume Rui Jorge. “Vida por vida”. O lema dos bombeiros não poderia ser mais esclarecedor. Eles são preciosos! A população agradece.