Existem duas coisas que, a meu ver, marcarão o ano que está mesmo, mesmo quase a acabar: as expectativas que tínhamos e as desilusões que tivemos.
Sendo verdade que em Alcobaça foi um ano com muita coisa a acontecer, a nível recreativo, desportivo e cultural, nem por isso podemos deixar de pensar que também aqui chegaram os efeitos de uma guerra que por muito que me digam o contrário, não creio ser nossa; e da ganância, essa sim (muito mais que qualquer conjuntura económica que se fabrique), que está a destruir a classe média com taxas, taxinhas e tachos que agora se distribuem às claras porque se perdeu a noção da decência.
Em Alcobaça continua a comer-se bem e a estacionar-se mal mas, à escala do que se passou, barrigada ou buzinadela a mais, é um preço bem confortável a se pagar para se viver no sossego de uma terra que neste verão não foi poupada aos seus episódios de violência (como aqui tive oportunidade de relatar), o que não pode nos deixar de preocupar tanto que a guerra e a crise propiciam o crime e o confronto. Inflamados pelas redes sociais, parece que todos já fizemos a nossa escolha, como diria Nietzsche, de viver numa sociedade em que só existe culpa e não se dá a importância devida ao perdão.
Houve concertos, carrosséis, aldeia do Natal e doces. Novos restaurantes abriram, novos negócios, novas caras, novas crianças a nascer. Os Gift lançaram um monumental disco. Num tempo de balanços é sempre bom apontar as coisas boas e tentar com que, mais que um balanço, nos deem balanço e que para o ano saibamos gerir tantas as expectativas como as desilusões porque essas são mais que certas independentemente do que se deseje em cima duma cadeira a engolir passas de Alcobaça.
Bom 2023!