Ficou conhecido por “Toino das Gravatas” o emblemático estabelecimento de Mira de Aire, gerido por José António Branco e Letícia Rodrigues, apesar de nunca ter comercializado… gravatas. Do sogro o comerciante “herdou” a alcunha pela qual é conhecido por todos os mirenses já há mais de três décadas.
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Depois de se casar, o casal de Torres Novas estabeleceu-se na vila para ajudar António Rodrigues (pai de Letícia) numa loja que vendia gravatas e outros artigos que tinha acabado de abrir. Atualmente, a oferta da loja da Rua do Barreirinho é bem mais diversificada. Artigos de retrosaria, roupa interior e pijamas para homem e senhora, bijuterias, atoalhados, tecidos e até mesmo produtos de higiene e de beleza são alguns dos artigos que é possível encontrar no “Toino das Gravatas”. A variedade e a qualidade dos produtos, assim como a simpatia dos proprietários, é o que mais valorizam os fregueses. “Vendemos maioritariamente artigos fabricados em Portugal”, adianta José António Branco ao REGIÃO DE CISTER. “Os clientes são exigentes e já estão habituados ao nosso produto”, sublinha.
A deslocalização da população para os centros urbanos, a abertura dos centros comerciais e o desenvolvimento das vendas online vieram fragilizar o negócio do casal que se tem mantido firme, forte e unido para ultrapassar os momentos de maior adversidade. “Antigamente vendia-se de tudo, agora vai-se vendendo aos poucos”, lamenta o vendedor. A saúde já não permite que Letícia Rodrigues se dedique a tempo inteiro à atividade comercial, tendo José António Branco que trabalhar por dois. É com um sorriso no rosto que abre o estabelecimento de segunda-feira a sábado, durante todo o ano, sem direito a férias. “Gosto muito de estar aqui. Os clientes são simpáticos e já os considero da família”, confidencia o lojista. “Além disso, é uma forma de me entreter e de conviver. Estar parado para mim ainda não é solução”, acrescenta.
Para passar o tempo, José António Branco vai assistindo televisão e não perde um jogo de futebol do seu clube e da seleção. A época do Natal foi mais movimentada, mas a partir deste mês tudo volta à normalidade. A memória já está cansada, mas é com saudade que recorda os tempos em que vivia na sua terra natal que teve que abandonar em prol do negócio da família. Antes de ser comerciante, o torrejano chegou a trabalhar numa fábrica em Torres Novas, mas atualmente não troca os dias passados na loja onde pretende continuar até que a saúde o permita.
Letícia Rodrigues encontra-se em casa a recuperar e em breve voltará a estar mais presente nas tarefas diárias. Os clientes têm saudades de a ver e o marido quer voltar a ter a sua companhia.
texto/foto carolin