Uma grande pérgula e um banco de jardim vão embelezar a Quinta Real da Cooperativa de Ensino, Reabilitação, Capacitação e Inclusão da Nazaré (Cercina), depois de a instituição ter sido contemplada no concurso Bairro Feliz, do grupo Pingo Doce.
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Na Nazaré estavam dois projetos a votação e a escolha do público recaiu sobre o da instituição “Quinta Real para Todos”.
“A ideia é abrir a instituição à comunidade”, resume a animadora sóciocultural Fátima Carlinhos, que explica que o objetivo é receber crianças das escolas do município, com atividades ao ar livre, naquela que é uma autêntica quinta pedagógica e que é trabalhada pelos clientes daquela instituição, no âmbito das terapias ocupacionais.
A terra é cultivada e as culturas são vigiadas ao detalhe até darem “frutos”. O piri-piri segue para a cozinha da Cercina para ajudar na confeção das bolachas de chocolate, que já são imagem de marca da instituição, e as diferentes ervas vão aromatizar os saquinhos de sal. Todos os produtos são depois vendidos pela Cercina. A esses ingredientes juntam-se, ao longo do ano, diversas culturas, com destaque para as alfaces, os limões, os morangos, a courgete, a melancia e a abóbora, alimentos utilizados pela instituição, mas também vendidos pela vizinhança. E a terra já mostrou que é fértil. No último verão, uma das melancias da Cercina pesava… 12 quilos.
A Quinta Real da Cercina surgiu durante a pandemia, de forma a criar condições no exterior para os clientes da cooperativa, explica a diretora técnica, Ana Cláudia Silva. “Tivémos de nos reinventar porque, se os mantivéssemos fechados, todas as competências já adquiridas iam regredir”, esclarece.
Na Quinta Real surgiu primeiro a horta, que inicialmente era para ser vertical, e depois veio a Clarisse, a cabra adotada pelos clientes da Cercina. Para a cabra não se sentir sozinha, a ela juntou-se, mais tarde, o pato Fredy e hoje vivem os dois em harmonia no mesmo espaço. “São os clientes da Cercina que constroem e direcionam o caminho da quinta pedagógica”, garante Ana Cláudia Silva. “O trabalho é sempre feito com o envolvimento deles para sentirem que isto é deles”, refere a responsável.
A horta e os animais são os ingredientes certos para captar a atenção dos meninos do pré-escolar do concelho. As escolas já receberam os primeiros contactos informais da Cercina para que a participação da comunidade seja uma realidade. “É importante que as crianças percebam o ciclo dos produtos até chegarem à mesa e, sobretudo, que não vêm do supermercado, mas da terra”, destaca Fátima Carlinhos. “É uma forma de os nossos clientes se sentirem úteis e valorizados e também uma forma de as crianças aprenderem a viver com a deficiência”, acrescenta a animadora.
A par da pérgula e do banco de jardim, que deverão chegar à instituição no início da primavera, a Quinta Real vai receber uma esplanada, oferta da empresa Delta pelas mãos do empresário e comendador Rui Nabeiro.