O mundo em que vivemos tornou-se destrutivo.
Raquel Varela
Querem arrasar com parte do Pinhal na zona de Leiria, junto a Fanhais, para colocar painéis solares e eólicas para as indústrias da Marinha Grande. O mundo em que vivemos tornou-se destrutivo. Ecológico devia ser trabalharmos 4 a 5 horas por dia, ter cidades pequenas ligadas por transportes públicos, subsidiar a agricultura biológica; investir na cultura, na vida ao ar livre garantindo bem-estar a todos e qualidade de vida e de saúde. Não é regressar a um passado mítico na aldeia e no núcleo familiar restrito, mas pensar que esta loucura, este desvario tecnológico só tem trazido mais solidão e perda de qualidade de vida e destruição do principal fator produtivo – os trabalhadores, cada vez mais exaustos, desprovido de saber, acesso à cultura, tratados como animais que só trabalham, dormem e comem (mal); é um caminho insustentável, mesmo quando se chama verde. Primeiro, não é verde, os custos em matérias raras, essenciais para as baterias e eólicas, estão na base da guerra da Ucrânia e da disputa bélica NATO, Rússia, UE e China; segundo não precisamos de fábricas abertas a laborar 24 horas por dia, precisamos de produzir bens essenciais à vida e à felicidade e fechar o que não é essencial à noite. A primeira greve em Portugal contra o trabalho noturno, vitoriosa foi feita em 1849 – lutava-se então, há 170 anos, contra trabalhar depois da 7 da tarde! Terceiro e não menos importante: as empresas, que estão em crise porque o capitalismo as coloca em concorrência e vai destruindo umas para concentrar o mercado em poucas, vivem hoje constantemente de subsídios “verdes” que são desviados da educação e da saúde. Precisamos de colocar um travão no “progresso” e repensar toda a economia, a segurança dos lucros, a produção autofágica, regurgita hoje milhões de pobres, e de trabalhadores, que nem as árvores podem olhar.