O fundador, José Venâncio, valadense de gema, era o guarda-rios de Valado dos Frades, quando, em 1933, decidiu abrir uma taberna na vila para dar vazão ao vinho que produzia.
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A casa comercial começou por ter o curioso nome “Estará lá?” porque a dúvida assistia os clientes. Não era certo quando é que o fiscal dos rios estava disponível para a taberna. “Nunca sabiam se o meu bisavô guarda-rios estaria a trabalhar ou se estaria com as portas da taberna abertas”, conta o bisneto, José Venâncio, 48 anos, atual gerente do negócio de família.
A taberna era frequentada por homens que, após as lides do campo, e antes de recolherem em casa, paravam para beber os “galrichos” (copos pequenos) de vinho. “Quando iam para casa já iam a cantar…”, relata, com humor, o bisneto do fundador.
José Venâncio faleceu e foi o filho Manuel quem assumiu as rédeas do negócio. A partir de então, a casa foi renomeada de Taberna do Chapita, em homenagem à alcunha de família. Passou a abrir todos os dias da semana. “Aí a clientela passou a ter mais tempo para estar encostada ao balcão a contar as experiências da vida”, descreve o comerciante, que lembra que o avô Manuel “assumiu o negócio durante largos anos”.
O pai do atual gerente, que também se chamava José, resolveu abrir um negócio paralelo à taberna, na mesma Rua dos Navegadores, dando corpo ao Talho do Chapita, casa fundada há cerca de meio século.
Com dois negócios durante anos, a família Chapita viu-se confrontada com o cansaço do avô Manuel e foi o filho José que acabou por assumir os dois negócios.
“Mas a vida voltou a dar voltas”, analisa Zé Chapita, que ficou sem o pai, que entretanto adoecera, quando tinha apenas 21 anos. A circunstância do falecimento do homem do leme levou a que Zé Chapita deixasse de estudar para assumir o lugar do pai. Não se arrepende. “Foi uma forma de não deixar cair os negócios da minha família”, justifica o empresário.
Durante quatro anos, manteve o talho e a taberna. Entretanto, o irmão mais novo, Sérgio, que estava a terminar os estudos, juntou-se a ele no projeto de modernização do espaço do talho para abrir uma churrasqueira. “Era um desejo antigo do nosso pai”, confidencia o comerciante.
A churrasqueira é uma realidade desde 2003 e celebra, em julho, duas décadas nas mãos dos irmãos Chapita.
“A Taberna do Chapita ainda foi modernizada, mas com o excesso de trabalho que a Churrasqueira nos dava acabámos por passar a alugar o espaço a terceiros”, explica Zé Chapita. O nome de família continua lá.
“Por isso este negócio da família Chapita já está na quarta geração”, constata o valadense.
O dia a dia de José e Sérgio é uma azáfama. O movimento começa cedo pela manhã, com a preparação das refeições, ao mesmo tempo que o telefone toca quase sem dar descanso para as encomendas do almoço. Em simultâneo, é um entra e sai de quem quer encomendar pessoalmente. A maior parte da clientela é de Valado dos Frades. “Todos os dias atendemos dezenas de clientes que têm ao dispor o famoso frango assado do Chapita, sempre com o meu irmão ao comando da grelha e os pratos do dia confecionados por mim”, convida o comerciante, que conta com o apoio da cunhada Isabel no atendimento ao público. “Por enquanto, a churrasqueira está nas mãos dos três e não sabemos como será o futuro dos negócios da família Chapita”, admite o empresário.