Nem tive tempo de aquecer em Alcobaça, muito menos de visitar as capelinhas todas. Quando dei por mim, estava a cruzar o oceano e a começar a tocar todas as noites outra vez, sem descanso por essa América fora. A primeira vez que aqui estive foi em 1999, durante a Administração Clinton. Respirava-se um ar diferente, menos tóxico.
Se o coração dos EUA são as suas cidades, as artérias por onde bomba o sangue azul e vermelho deste país, são os seus milhares de estradas que definem a sociedade americana: trabalhar, viajar, comer, dormir e repetir. São às centenas os “restaurantes” de estrada, alguns nem sequer existem em Portugal, e é neles que se decide, vive e resolve a “América”. Nas cidades, o panorama é negro. Com o aumento, em escala, das tent cities (“barracas”) e de seus habitantes: pessoas sem rumo, sem futuro, dependentes das drogas e um perigo crescente para a segurança e o bem-estar que sempre preocupou os Americanos.
Já desde os anos 80 em Portugal, que não via tanto lixo, tantas seringas, tantas pessoas a falar sozinhas com o fantasma do pó, nas ruas sujas e perigosas da nação que quer ser o exemplo do mundo. Enquanto tiver na cabeça aquela imagem da menina loira a viver no carro num parque de estacionamento de um supermercado com a sua mãe, não quero cá saber da liderança liberal dos EUA que nem aos seus estão a ser capaz de acudirem, com a fome, a miséria, os tiroteios quase diários em escolas, a tomarem conta da nação que quer tomar conta de nós.
Outra economia notável.
Outro povo na miséria.