Há mais de 30 anos que a maternidade do Hospital de Alcobaça Bernardino Lopes de Oliveira (Hablo) está encerrada. Desde então, apenas em situações absolutamente esporádicas, é que a unidade hospitalar “viu” nascer mais bebés. No entanto, o cenário repetiu-se no passado dia 5.
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Pouco passava das 10 horas da manhã quando Aline Lobo deu entrada no Hablo praticamente em trabalho de parto. A jovem brasileira, de 35 anos, residente na freguesia do Vimeiro, começou a sentir contrações em casa – o nascimento da criança estava apenas previsto para… ontem -, e solicitou, de imediato, a um dos dois filhos que telefonasse ao pai, que se encontrava a trabalhar (é pintor na freguesia da Cela), para a ir buscar. O marido, assim que chegou à residência, transportou-a para o hospital. “Fui em excesso de velocidade o caminho todo. Era mesmo uma urgência, a minha filha podia nascer a qualquer minuto”, começou por explicar ao REGIÃO DE CISTER Anderson Oliveira, pai da bebé Victória Kananda, que acabaria por nascer em pleno serviço de urgência do Hablo.
“Foi um sentimento absolutamente inexplicável. Conseguirmos ajudar ao nascimento de uma criança num serviço de urgência onde, habitualmente, lidamos com situações dramáticas, foi fantástico e memorável. Foi uma situação que nos deixou a todos deleitados e que permitiu reforçar ainda mais o espírito de equipa que temos”, salientou, ainda embevecida, Vera Frazão, uma das enfermeiras que fez parte da equipa que “permitiu” o parto.
A premonição do pai da criança não poderia ter sido mais acertada: “Quando fui buscar a Aline a casa percebi, pelas dores dela, que era arriscado ir para Leiria. Tomei, então, a decisão de ir para Alcobaça para pedir ajuda no hospital. Fosse para a criança nascer lá ou para a minha mulher ir de ambulância para Leiria, acompanhada por profissionais de saúde, que garantissem toda a segurança no parto. E a verdade é que depois de chegarmos ao hospital de Alcobaça foram precisos apenas 10 minutos para a Victória nascer”.
Versão corroborada por Vera Frazão, que recorda, alguns dias depois, os momentos vividos no serviço de urgência após a chegada de Aline. “Foi tudo muito rápido. Percebemos que seria, de facto, uma questão de tempo, e foi apenas necessário tratarmos de tudo na sala para que o parto decorresse dentro da normalidade. Foi o que aconteceu, felizmente, até porque a mãe foi extraordinária e ajudou a que todo o processo fosse célere e terminasse da melhor forma possível. Foi um dia que nunca mais vou esquecer”, frisa a enfermeira, de 38 anos, natural da Batalha e que já trabalha no Hablo há cerca de 15 anos.
Depois disso, o REGIÃO DE CISTER esteve em casa da família, no Vimeiro, onde, já com a criança nos braços, a mãe não podia estar mais… babada. “É o nosso terceiro filho, mas é a primeira menina. Claro que é uma sensação indescritível e estamos muito felizes. Só queremos que tenha muita saúde e vamos cuidar muito bem dela”, admitiu Aline Lobo, que chegou a Portugal há dois anos, seguindo os passos do marido, que tinha vindo em 2019.