Foi no pequeno auditório do Cine-teatro João d’Oliva Monteiro, na noite da passada segunda-feira, que Daniel Adrião apresentou a candidatura ao cargo de secretário-geral do PS.
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A sessão, organizada pela Concelhia de Alcobaça do PS, presidida por Isabel Fonseca, contou com a participação de mais de meia centena de militantes e teve também a presença dos representantes dos outros dois candidatos à liderança dos socialistas: João Paulo Pedrosa (em representação de Pedro Nuno Santos) e António José Domingues (em representação de José Luís Carneiro).
Quando tomou a palavra para falar aos “camaradas” socialistas, Daniel Adrião começou por explicar por que razões decidiu avançar com esta candidatura – cenário que repete pela quarta vez, depois de ter ido a eleições internas em 2016, 2108 e 2021.
“Estas eleições acontecem em circunstâncias especiais e que, por certo, nenhum de nós desejaria. Houve uma crise política que se precipitou, o nosso primeiro-ministro decidiu apresentar a sua demissão, e em consequência disso, o Partido Socialista teve de alterar os seus calendários internos, fazendo o congresso numa data que não estava prevista”, sublinhou o alcobacense.
“É um desafio para nós apresentarmos as candidaturas, mas é a realidade que temos. Eu ponderei muito acerca da decisão de avançar com esta candidatura, mas acabei por fazê-lo ao verificar que as outras duas candidaturas ao cargo de secretário-geral são de dois camaradas que estão comprometidos com a herança e o círculo político que agora se inicia”, notou o antigo vereador socialista em Alcobaça.
Depois disso, Daniel Adrião apontou os eixos por que se rege a sua proposta política. “O país tem um conjunto de problemas estruturais, de estrangulamentos sistémicos, que necessita de resolver para poder avançar. Na minha moção de estratégia política apresento um conjunto de propostas para uma visão estratégica de longo prazo que motivaram a minha candidatura”. Tal como, por exemplo, o “paradigma do desenvolvimento económico”, notou Daniel Adrião, que considera essencial “passar para um paradigma assente no conhecimento intensivo, nos recursos humanos altamente qualificados e numa economia de alto valor acrescentado”, o que só é possível com “reformas estruturais”.
“Há uma impossibilidade de os jovens terem direito a uma habitação digna, a preços que possam suportar com os ordenados que se pagam em Portugal. Para resolver o problema da habitação, proponho um pacto de regime, para que haja um consenso no sentido de numa década resolvermos de vez o problema da habitação em Portugal. E, para isso, temos de construir meio milhão de casas em Portugal”.
O sistema político nacional foi outro dos assuntos aflorados durante o debate. “É preciso dizer aos portugueses, de forma muito clara, que nós não votamos da mesma forma que votam a generalidade dos outros países europeus. Nós votamos em listas fechadas e bloqueadas, onde são eleitos apenas os partidos, os cidadãos não têm outra alternativa. O que eu proponho é o voto personalizado, ou seja, poder votar no partido e nas pessoas que pretendem eleger”, analisou.
Já depois da sessão de esclarecimento, que encerrou com um forte elogio de Walter Chicharro (presidente da Federação Distrital de Leiria do Partido Socialista) a Isabel Fonseca (presidente da Concelhia do PS), Daniel Adrião, em declarações ao REGIÃO DE CISTER, exultou as suas raízes alcobacenses: “Vivi 30 anos em Alcobaça, cidade que está no meu coração e que faz parte do meu ADN. Muito do que eu aprendi foi em Alcobaça, convivendo com esta comunidade extraordinária, e naturalmente que aquilo que transporto também são os meus géneses alcobacenses, de que muito me orgulho.”