Foi com pompa e circunstância que o Museu das Máquinas Falantes, em Alcobaça, foi inaugurado, na passada quinta-feira. Na cerimónia de abertura esteve Hélder Reis, maiorguense que desempenha, desde o último mês, o cargo de secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, e Anabela Freitas, vice-presidente do Turismo do Centro.
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O presidente da Câmara abriu os discursos da cerimónia, olhando para o Museu como um espaço museológico que se quer “de referência”. “Tendo em conta a importância fulcral que a rádio teve no início da nossa democracia, há 50 anos, não havia melhor momento para inaugurar este novo espaço museológico. José Madeira Neves, um homem da Cela, dedicou uma vida inteira à sua paixão: as máquinas falantes”, explicava o chefe do executivo, abordando a importância do celense (1933-2003), cujo património está agora disponível para observação.
“Foram tecnologias que marcaram o imaginário de várias gerações. Com este museu, honramos a sua vida [José Madeira Neves] e o seu legado e, certamente, a sua família sentirá a paixão com que abraçámos este grande desafio”, notou o edil, deixando algumas palavras de agradecimentos ao dois antecessores no cargo [José Gonçalves Sapinho e Paulo Inácio], por terem “adquirido esta magnífica coleção”, em 2009, e por terem “lançado a primeira empreitada”, respetivamente.
O novo espaço museológico resultou de um investimento superior a 400 mil euros do município de Alcobaça e foi criado através da recuperação, acondicionamento e exibição de mais de 5 mil peças, entre rádios, telefones, gravadores, microfones, caixas de música, fonógrafos, gravadores magnéticos e grafonolas. “Embora nem tudo esteja exposto, temos a maior coleção pública portuguesa de cilindro de cera e amberol, suporte áudio para fonógrafos. Isto é muito.”, sublinhou Hermínio Rodrigues, certo de que o museu “será uma referência a nível nacional” por estar a ser honrada “uma história de mais de um século de inovação tecnológica na área do som e da telecomunicação”. “Espero que os nossos jovens saibam interpretar a história como nós soubemos interpretar a mesma durante os últimos 50 anos e que tirem proveito deste museu para sentir parte da história de Portugal”, rematou.
A cerimónia ficou também marcada pelo primeiro ato público “em casa” de Hélder Reis, maiorguense que iniciou recentemente funções como secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional. “Estou na minha terra e tentei, ao longo da minha vida, não me desligar dela. Sobretudo pela bela comida que a minha mãe faz. Ainda hoje (quinta-feira) saí da Assembleia da República para ir almoçar a casa dela e, felizmente, já disse que me dava jantar”, confessou. “Alcobaça é Alcobaça, Maiorga é a minha aldeia. A Banda Filarmónica da minha terra, da qual fiz parte e muito me orgulha”, relembrou durante o discurso, no qual enfatizou ainda a importância dos 50 anos da Revolução e dos desafios que o País enfrentará nos anos vindouros.
A comunidade acorreu em grande número à inauguração do museu e ouviu da vice-presidente do Turismo do Centro muitos elogios. “Não havia melhor dia para inaugurar este museu. Até porque foi através de uma máquina falante que foi dada a senha para o dia da Liberdade e para o início da nossa democracia. As máquinas falantes estão intrinsecamente ligadas aquilo que é a nossa democracia e a nossa comunidade”, asseverou Anabela Freitas, aproveitando para deixar alguns indicadores dos últimos números do turismo em Alcobaça, que dão conta de uma melhoria notória comparativamente ao período homólogo de 2019, “melhor ano turístico para Portugal”. E, para tal, disse, contribuirá também aquele novo espaço museológico, cujas entradas são livres.