Na “antecâmara” para as Festas de São Pedro, o REGIÃO DE CISTER entrevistou o presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, que justificou as alterações promovidas para esta edição do certame e antecipou alguns momentos.
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REGIÃO DE CISTER (RC) > As Festas de São Pedro iniciam nos próximos dias. Quais são as principais alterações para esta edição?
JORGE VALA (JV) > Nesta edição poderemos utilizar o espaço do antigo campo sintético como recinto de festas, após a sua retirada e colocação junto ao Estádio Municipal. Aquela zona servirá para instalar a feira de exposições e artesanato e para encontrar soluções de estacionamento, sobretudo, para aqueles que participam diretamente nas festas, como os comerciantes e o pessoal que trabalham nas associações. No antigo lugar dos stands dos expositores vai estar, pela primeira vez, uma tenda de gaming para o público mais jovem. Vamos ter também um palco secundário com maiores dimensões e mais próximo da comunidade, que receberá, entre muitos espetáculos, o Festival de Folclore. Ainda no espaço do antigo campo sintético, teremos, no primeiro fim de semana, um balão de ar quente para quem quiser ter uma experiência diferente. A restante distribuição será idêntica às outras edições. A segurança continua a ser uma preocupação e, por isso, decidimos reforçá-la. A âncora das festas são as tasquinhas e, mais uma vez, teremos muito cuidado com a higiene e segurança alimentar. Vamos ter uma equipa especializada na área, que fará vistorias e uma fiscalização pedagógica. Nesse sentido, e porque temos a certeza que este também é um interesse das associações, criámos um prémio para distinguir a tasquinha com melhores práticas.
RC > Haverá também mais um dia de festa do que o habitual…
JV > É uma questão que está relacionada com o calendário. Como o feriado municipal [dia de São Pedro] calha ao sábado, não quisemos começar a festa nesse dia, perdendo a noite de São Pedro, que tanto diz aos portomosenses. Assim, inauguramos as tasquinhas no dia 28 e valorizamos a tradição, mantendo a noite de São Pedro e também as marchas populares como é habitual.
RC > A inauguração da Área de Localização Empresarial de Porto de Mós será no feriado municipal. Foi propositado? Que impacto espera que este investimento tenha no Município?
JV > Sim, foi algo pensado da nossa parte. A ALE já está concluída há alguns meses, mas dada a importância que terá no futuro do concelho, decidimos culminar com a inauguração no dia de São Pedro. Esta zona industrial é constituída por 38 lotes, 36 deles são comercializáveis e já estão entregues, quer a novas empresas, quer a empresas que já lá estão e pretendem expandir. Os outros dois lotes são destinados a serviços. Estimamos que sejam criados 200 novos postos de trabalho e, com isso, esperamos reforçar a dinâmica económica do concelho, aliando a excelente centralidade geográfica, que nos coloca a uma hora de Lisboa, os bons acessos aos principais eixos rodoviários do País e também uma oferta de fiscalidade substancialmente mais baixa do que em concelhos de maior dimensão. A este momento, decidimos também juntar a atribuição dos prémios Dom Fuas, que, para nós, tem uma importância muito grande porque é o reconhecimento do trabalho do tecido empresarial do nosso território, que é o motor do concelho.
RC > Quais são as novidades relativamente aos prémios Dom Fuas? Que empresas serão distinguidas?
JV > A principal novidade é a criação de um prémio para novas empresas criadas em 2022. Depois vamos distinguir as duas primeiras empresas do concelho reconhecidas com o selo Gazela, dado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, a MB Ceramics e a Movefreight Transportes. Na categoria “Carreira”, vamos reconhecer António Carvalho. Foi durante muitos anos deputado na Assembleia Municipal pelo Partido Socialista, é o sócio número um do CCR Alqueidão da Serra, foi o primeiro revisor oficial de contas do concelho e tem um percurso profissional incólume. Na categoria “Responsabilidade Social”, o prémio será entregue à empresa Rosários 4. Além de já ter sido reconhecida a nível nacional como uma das melhores empresas para trabalhar, é uma entidade que abraça um conjunto de atividades extra indústria, que reforçam a boa vivência entre os trabalhadores e a comunidade envolvente. Serão ainda distinguidas as dez maiores empresas exportadoras, as PME Líder e as PME Excelência.
RC > O certame é reconhecido pela abrangência de setores e de públicos. Este modelo tem dado frutos?
JV > Consideramos o evento como festas populares e, como tal, pretendemos ter um cartaz que seja o mais abrangente possível. O nosso objetivo é ter um programa que seja transversal a toda a comunidade, conseguindo atrair e unir todas as freguesias e uma parte significativa do movimento associativo do concelho. É uma festa marcada pelo envolvimento das pessoas feita para as pessoas. O que está na génese das festas, associado ao nome do Município de Porto de Mós, somos todos nós e é isso que aqui está implícito.
RC > Nesta edição também não haverá a transmissão televisiva como tem sido apanágio. Qual o motivo?
JV > As televisões, nomeadamente aquela que tem sido nossa parceira, criaram-nos algumas condicionantes por causa da possibilidade de haver jogos da Seleção Portuguesa no Campeonato Europeu de Futebol 2024. Agora sabemos que não há, mas quando foi feito o planeamento não sabíamos e não quisemos arriscar em fazer contratações de serviços de catering e hotéis para os trabalhadores da estação televisiva ou, acontecendo o cenário oposto, ter de desmarcar esses mesmos serviços. Optámos por programar as festas sem ter de estar condicionados por esses detalhes. A televisão tem sido útil para divulgar as festas. A sua ausência nesta edição é algo que não nos preocupa, porque teremos outros canais como uma rádio nacional, a RFM. Temos também promovido as festas em praticamente todos os jornais e meios regionais de uma forma mais equilibrada, porque todos os públicos são importantes.
RC > O tema deste ano é a liberdade. Seria difícil fugir a este tópico pela questão da importância do 25 de Abril… de que forma a temática foi enquadrada no certame?
JV > Sim. Pegamos sempre no tema do projeto pedagógico. No ano letivo de 2023/2024, as escolas trabalharam a temática “liberdade” e, como tal, também será este o tópico aplicado nas festas. A decoração das tasquinhas é uma forma de enquadramento, existindo prémio para distinguir a melhor neste capítulo. Nesta edição, decidimos que a cozinha de demonstração também representaria este tema de Portugal de braços abertos ao mundo. A cozinha de demonstração é, de facto, ilustrativa da qualidade que temos e da importância que temos dado às Festas. O toque do chef é fundamental na essência da nossa cozinha. Neste ano de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, temos recebido embaixadas de Moçambique, de Angola e de Cabo Verde e vamos receber mais até ao final do ano, não só para visitar a exposição ”Porto de Nós – Confluências Transnacionais”, como para nos mostrar a sua cultura. O País deu um passo importante rumo à modernização na questão das migrações. Em Porto de Mós também temos muitos imigrantes que trabalham, contribuem para a comunidade e estão a integrar a sua cultura com a nossa cultura e, portanto, a cozinha de demonstração representa muito isso.
RC > Há também um marco importante na programação que se prende com a apresentação do livro “As Marchas Populares de Porto de Mós”, que celebram 40 anos. Que particularidades terá a obra e que representa ela para o Município?
JV > As marchas populares são uma referência para Porto de Mós e têm sido elas que também representam aquilo que tem sido a nossa ideia para a festa. O livro é o resultado destes 40 anos de marchas. Ele tem um código QR que dá acesso às várias músicas. É um trabalho de recolha do arquivo municipal em conjunto com a nossa equipa de comunicação. A obra é uma forma de eternizar a memória daquilo que é a história das marchas no concelho. Não queremos que se percam documentos históricos, queremos sim perpetuá-los para as próximas gerações.