Quando saio da Académica, sou quase abalroado em cima da passadeira por um condutor do expresso (ainda lhe fiz um sinal com a mão, ele sorriu e acenou) penso: será este o meu destino na terra em que escolhi viver? Talvez porque, dois dias depois, após colocar o lixo na reciclagem, um jipe quase me leva à frente, sempre na passadeira, depois do motorista da RNE, quase me arrancar o nariz na pressa do almoço no CC Gafa, e dos 50 metros para a rodoviária.
Quase-atropelamentos à parte, a maioria das pessoas que conduzem nesta cidade (alcobacenses ou não), não têm civismo algum na hora de deixar passar os peões nas… passadeiras. Decerto que existem muitas retas na avenida da polícia ou do hospital, mas recordo aqui às autoridades e à autarquia, que foi para domar estas ganas de pilotos de F1, que se inventaram as lombas, as passadeiras alteadas, os semáforos de controle de velocidade, que, sabe-se lá, até podem significar a vida ou a morte a um eleitor e evitar as chatices que isso traz às famílias, filhos, escolas, associações.
Outra nota: ali entre a Ala sul e os doces da Carla, também já se fazia uma passadeira devido ao movimento pedonal que ali existe, por exemplo, nas idas aos Correios.
Eu sei que sou novo demais para me preocupar com peões, mas como ando muito a pé na cidade, tenho este defeito “profissional” e deixo-vos o pedido: partilhem as vossas histórias comigo e com o jornal, para, pelo menos, ver, se afinal sou um que tenho um alvo nas costas, que me foi metido pelos automobilistas de Alcobaça; ou se existem outras pessoas como eu que não querem morrer esmagadas numa passadeira das avenidas e até acham que lombas, sinais de luzes e seja o que for para travar a corrida mais louca do mundo, seria útil ou se é apenas outra teimosia minha que “nem sou de cá.”
Se houvesse tanta vontade de proteger os munícipes como há de os entreter com festas e romarias, ai sim podíamos fazer jus a um novo lema: quem passa em Alcobaça, passa em segurança.