A freguesia do Juncal é conhecida pela fruticultura, principalmente pela produção de maçã e pera. Contudo, no Casal do Alho há quem tenha apostado numa cultura mais peculiar na região: o limão. E com a particularidade de ser através de método de produção biológico de forma certificada pela empresa Kiwa Sativa.
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“Ao plantar limoeiro não estou a plantar macieira nem pereira num modo biológico, logo não tenho vizinhos a ser prejudicados com pragas. Por outro lado, o limão é um fruto com casca grossa muito mais
resistente a toques e a insetos”, explicou Ricardo Modesto, que tem já plantados 5,5 hectares de área, com 420 limoeiros por cada hectare de terreno.
Apesar da produção biológica envolver menos custos pela não utilização de químicos, o limoeiro necessita de cuidados especiais, sobretudo nesta região, em que o clima não a favorece. “O limão é muito sensível ao frio, ao vento e à geada. É um fruto de folha persistente e, por isso, não tem a capacidade de se proteger do frio como a macieira ou a pereira, que são de folha caduca. Além disso, é uma planta de climas mais quentes”, elucida.
Por este motivo, o período de adaptação da planta leva o seu tempo e há algumas que, numa fase inicial, acabam por não resistir.
“Na primeira plantação morreram cerca de 450 plantas por causa das temperaturas negativas e porque os limoeiros adquiridos aos viveiros ainda estavam adaptados ao clima de estufa”, conta.
Para mitigar os efeitos do clima, Ricardo Modesto fez as plantações em terrenos mais abrigados do vento e a uma altitude em que a formação de geada seja menos frequente.
Nos primeiros anos de vida em que a velocidade de crescimento da árvore é muito baixa (fator apontado como uma das maiores dificuldades sentidas), ao lado de cada limoeiro, o fruticultor colocou um poceiro com cerca de 40 litros de água, uma forma “low-cost” de criar um microclima menos instável termicamente, que reduz o efeito da geada radiativa. “É uma forma de criar a chamada inércia térmica.
A água absorve o calor durante o dia e liberta-o lentamente durante a noite, amenizando a temperatura”, explica.
O projeto biológico, cujas primeiras plantações foram feitas há quatro anos, beneficia d ajuda de insetos e outros organismos, que contribuem para a polinização e para o controlo de pragas.
As sebes assumem um papel importante na proteção de agentes como o vento e de possíveis contaminações de terrenos vizinhos. Estas árvores foram aplicadas no limite do perímetro dos terrenos.
No mercado, a relação preço/qualidade entre o limão biológico e não biológico não é tão discrepante como em outros frutos, mas Ricardo Modesto garante que os benefícios são vários.
“Com o modo produção biológica legislado, origina-se uma maior captura de carbono e conservação nos solos em matéria orgânica, que é o pilar fundamental da agricultura biológica”, aponta, acrescentando que “o saldo de carbono emitido na agricultura biológica é muito positivo enquanto na convencional é negativo”.
Depois de ultrapassada a fase de crescimento da árvore, o fruticultor espera, dentro de cinco anos, conseguir colher entre 20 a 30 toneladas de limões por hectare por ano, quantidade que lhe permitirá fazer acordos para venda em grandes superfícies.