A pergunta que me ocorre é se a nossa democracia é (ainda jovem); ou se, pelo contrário, já dá mostras do desgaste da idade.
Vou passar este 25 de Abril fora de Portugal, mais concretamente em Sofia, Bulgária, a tocar com os Moonspell. Não irei ter um cravo ao peito, nem irei cantar cantigas de intervenção (como no ano passado em Torres Vedras). Os Moonspell não são, nem serão nunca uma banda política e se alguma vez o fomos, por casualidade, temos horror a que isso aconteça agora. Não só porque achamos que o mundo precisa da fantasia que a música propicia; mas porque a política a todos desencanta.
Pois claro, é uma conquista votar e assim o faremos (outra vez… quando chegarmos em Maio) e enquanto seres sociais teremos as nossas causas e preferências, mas, cá dentro, eu acho que, sem ser a nível local, pouco se possa fazer para corrigir os rumos verso a coisas como a guerra, a competição desenfreada, a falência do estado social, tudo projetos nos quais nos empenhámos com os nossos votos e com as nossas inúmeras contribuições fiscais.
Também já não creio que a música intervenha de forma decisiva.
Fomos demasiados embrenhados nas nossas carreiras e objetivos, para os abandonar em favor de uma causa maior. É assim o desencanto e nós não temos culpa dele, porque tanto nos baixaram os braços que caminhamos com eles ao longo do corpo, tanto nos empurraram a cabeça que andamos com ela em baixo.
Ainda assim, Abril será sempre especial para mim.
Espero, contudo, que não se torne uma mera nostalgia nossa (já temos tantas em Portugal) e que não seja mais um dia que nos divide, entre “abrilistas” e “novembristas”. Há que saber bem onde está o coração e principalmente, o que diz a História.
Em Sofia pensarei nisso, com inevitável saudade e desejo que as conquistas de Abril (no topo de todas, a educação) não seja mais uma vez poluídas pela cegueira ideológica e pelo desespero que se instalou, sem darmos por ele, no nosso pequeno país.