O património de uma cidade é muito mais que os seus monumentos. No caso de Alcobaça, a música, chega a sítios, move-se em direções que a imobilidade do mosteiro ou o peso da burocracia política não chega.
Assim sendo, fala ao coração das pessoas de uma maneira mais eficaz do que mil campanhas eleitorais.
Tem ainda a vantagem de, rapidamente, pôr toda a gente a sorrir, ou, pelo menos, emocionada, por isso, considerar que a cultura e o entretenimento são coisas secundárias é um erro crasso que deve ser corrigido na mentalidade de quem comenta nas redes sociais e de responsáveis que querem desinvestir na área.
É verdade que, muitas vezes, são as autarquias que contratam os artistas. Essa foi a forma que o nosso mercado tomou por escassez de meios, de iniciativa privada (congelada por excesso de impostos e de burocracias) e, fundamentalmente, pelo grande problema económico em Portugal: a assimetria profunda entre preços e salários.
Costumo brincar muitas vezes com os amigos: não está caro, a gente é que não tem dinheiro para isso.
Há uma ignorância perigosa perante o destino dos dinheiros que são pagos às bandas. Muita gente pensa que ora é um investimento a fundo perdido; ou que o artista fica com 100% do dinheiro, que tudo é lucro e não há despesas.
São questões facilmente rebatíveis: a primeira desconsidera o crescimento da receita local quando há “festa”, a ocupação dos hotéis, restaurantes, taxas locais, estacionamentos, supermercados que provém um retorno sempre superior ao investimento. A segunda é o desconhecimento de que um concerto emprega e paga a centenas de pessoas, aluga equipamento e estruturas de alta qualidade, e procede a contribuições para a segurança social e para o Estado que a todos beneficiam.
Por fim há o valor incalculável dos momentos e memórias publicas que nas Festas de S. Bernardo em 2025 tiveram o seu ponto alto com a celebração dos 30 anos dos The Gift e a sua bonita e sincera homenagem a Alcobaça.