Apesar de estar muito bem enquanto vocalista dos Moonspell, existem duas outra coisas que eu gostaria muito de ter sido: professor (Filosofia); e/ou funcionário dos CTT. Verdade será, dirão professores e funcionários, que acabei por ter mais sorte, olhando às condições declinantes de trabalho em Portugal, mas há um romantismo, uma centralidade social destas profissões que sempre me farão pensar no que poderia ter sido e não fui.
Lá vou fazendo o gosto ao dedo em apresentações e aulas de filosofia (como no passado dia 20/11, a convite do Agrupamento de Escolas da Nazaré, na Biblioteca Municipal José Soares); mas nunca trabalhei nos Correios.
Muita da carreira dos Moonspell passa pelo posto da Brandoa, onde gastávamos as nossas magras mesadas em selos e envelopes, que, antes da Internet, nos ajudaram a quebrar fronteiras e expandir a nossa música a quem a queria apoiar. Já em 2010, a banda ganhou a distinção de ter um selo oficial dos CTT, com a capa do nosso primeiro disco (Wolfheart) na coleção Rock em Portugal, uma honra maior, para nós, que uma condecoração (que nunca teremos) da República.
Mudando as coordenadas para Alcobaça, remeto para a estação dos CTT da Praça 25 de Abril, a distinção de ser o meu terceiro destaque (depois da Garrafeira A Casa; e da big shop/papelaria A Cartilha) na lista (serão dez) do que faz de Alcobaça uma cidade melhor para se viver: as suas pessoas e os seus serviços.
Neste mundo digital, decerto que não me desloco aos correios com a frequência com que o fazia nos meus tempos de remessas internacionais de livros, discos e CDs, mas cada vez que o faço e utilizo a estação de Alcobaça, sou acolhido por profissionais afáveis, informados e que desmistificam a “incompetência” que as criticas online (claro está!) atribuem aos CTT.
São esses funcionários, na estação, ou nas ruas, que fazem localmente funcionar o que, nem sempre, centralmente trabalha, que hoje destaco e saúdo como importante peça do tecido social e da prosperidade desta Alcobaça que vos vou contando.


