Em meados do século XX o destino da maioria dos nazarenos era o mar. Com o apoio dos pais, Joaquim Quico “escapou” à vida de pescador ao abrir uma mercearia na vila da Nazaré com apenas 16 anos. Volvidas mais de seis décadas, a mercearia, que evoluiu para supermercado, continua a ser uma referência no comércio tradicional na Nazaré.
Em meados do século XX o destino da maioria dos nazarenos era o mar. Com o apoio dos pais, Joaquim Quico “escapou” à vida de pescador ao abrir uma mercearia na vila da Nazaré com apenas 16 anos. Volvidas mais de seis décadas, a mercearia, que evoluiu para supermercado, continua a ser uma referência no comércio tradicional na Nazaré.
É a mulher, Carolina Quico, quem tem assumido o negócio nos últimos anos devido à saúde debilitada do marido. Mas, a história do casal quase se confunde com a da mercearia. “Quando me casei aos 21 anos o meu marido já tinha a mercearia. Agora tenho 70 anos… veja lá há quantos anos é que aqui estou”, atira a pederneirense.
“Os meus sogros não queriam que o meu marido fosse para o mar e como ele já tinha trabalhado como aprendiz noutras mercearias arranjaram-lhe um espaço para abrir a sua própria mercearia”, recorda a comerciante, que largou o campo ainda jovem para dar apoio ao marido na então mercearia. “Ele chegou também a trabalhar como motorista de pesados para a cooperativa de retalhistas e eu ficava a tomar conta da mercearia”, conta, enquanto atende uma cliente e vai confirmar o preço da compota à prateleira.
A loja do Quico, que abriu em 1958, foi conquistando o seu lugar ao longo dos anos, ao ponto de ter evoluído para um estabelecimento de maiores dimensões e de self-service, tal como acontecia nos primeiros supermercados das grandes cidades. “Chegámos a ter empregadas, principalmente no verão, porque não conseguíamos dar conta do recado com tantos clientes”, recorda.
O supermercado viria a abrir portas em 1984 num quarteirão acima da primeira mercearia, local onde hoje a família explora um negócio de alojamento local. O supermercado do Quico viria a tornar-se numa das lojas de referência na Nazaré. “Vinham pessoas de todo o lado de propósito. Havia muita diversidade e coisas que não havia em mais lado nenhum na região“, conta Carolina Quico, destacando o “café da avó” que era feito pelo marido.
Com o decréscimo do negócio retalhista, a realidade é bem diferente. “Agora até o pão se vende mal”, lamenta a comerciante, confessando que “há clientes que entram e saem sem comprar nada”. “As pessoas vêm aqui buscar o que lhes falta à última hora”, desabafa a mulher, admitindo que nem os “viajantes” têm salvo o negócio. Com os três filhos “nas suas vidas”, confessa também que já pensou em fechar a porta do estabelecimento, mas o médico aconselhou-a a não o fazer. “Enquanto tiver saúde é por aqui que me vou entretendo“, admite a pederneirense, com um olho na televisão e outro no cliente que acaba de entrar no supermercado.