Está “perdida” entre as Serras de Aire e Candeeiros, em pleno Parque Natural, mas todos os que a conhecem sabem o caminho de cor. Localizada junto à Capela de Nossa Senhora da Saúde, no ponto mais alto da pequena aldeia de Casais de Chão, a cinco quilómetros de Serro Ventoso, a Taberna da Ti Celina continua a servir de ponto de encontro há mais de 75 anos.
Está “perdida” entre as Serras de Aire e Candeeiros, em pleno Parque Natural, mas todos os que a conhecem sabem o caminho de cor. Localizada junto à Capela de Nossa Senhora da Saúde, no ponto mais alto da pequena aldeia de Casais de Chão, a cinco quilómetros de Serro Ventoso, a Taberna da Ti Celina continua a servir de ponto de encontro há mais de 75 anos.
A “casa” foi fundada pelos pais de Maria Arcelina Penas, mais conhecida por Celina, que deu nome ao estabelecimento comercial e a quem carinhosamente tratam por “Ti Celina”. Nasceu e sempre viveu em Casais de Chão. Recorda-se de ajudar os pais na taberna desde que se lembra. Quando cresceu aprendeu a costurar e passou a dividir o serviço do pequeno comércio com a costura. Durante muitos anos trabalhou como costureira, em casa, para uma fábrica de luvas em Minde, no concelho de Alcanena. Hoje em dia, Maria Arcelina Penas vive apenas para o negócio localizado na Rua Teodoro dos Santos, que a ocupa a tempo inteiro, todos os dias da semana.
O estabelecimento mantém as características de construção originais. O pequeno espaço, com o teto em madeira e o chão e o balcão construídos com pedra da região, permite a todos que ali entram recuar no tempo e voltar aos anos 50 do século passado.
A Taberna da Ti Celina deixou um marco na vida dos clientes e fá-los, nos dias de hoje, retornar à sua infância. “Lembro-me de ter 5 anos e vir sozinho comprar línguas de gato”, recorda Ezequiel Martins, que frequenta todos os dias a “tasca da aldeia” para “conviver” e “ver a taberneira”. Já Samuel Antunes tem na memória os primeiros gelados da sua vida que ali comeu.
Nesta casa com história todos os dias há muita animação. Os amigos do costume juntam-se diariamente durante a tarde para beber uma ginja, um copo de vinho, uma aguardente ou uma cerveja e para “jogar conversa fora”. Falam de tudo um pouco, desde o tempo, as notícias da atualidade, a família e os momentos já vividos.
“É uma forma de passarmos o tempo”, adianta Ezequiel Martins. “Se a Celina fechar a taberna um dia fica logo a fazer falta”, frisa Arménio Bento. “Não existe aqui no lugar outro espaço para nos juntarmos e convivermos”, acrescenta.
É por estas e outras razões que Maria Arcelina Penas mantém o estabelecimento aberto das 9 da manhã às 11 da noite, de segunda-feira a domingo. Apenas fecha a porta para ir a uma consulta ao médico ou por outro motivo de força maior. Foi o que aconteceu há uns dias, em que Celina teve mesmo que se ausentar. “Para mim foi uma tristeza, esperei mais de uma hora junto à porta”, lamenta Joaquim Santo.
Mas a taberneira também precisa de descansar e entre o Natal e a passagem de ano vai encerrar as portas para “recarregar baterias”.