Recuar a 1970 quando a loja “Casimiro Eletrodomésticos” abriu na Maiorga obriga ao exercício da imaginação, quando as televisões, os frigoríficos e as “varinhas mágicas” eram objetos de “gente com posses económicas”.
Recuar a 1970 quando a loja “Casimiro Eletrodomésticos” abriu na Maiorga obriga ao exercício da imaginação, quando as televisões, os frigoríficos e as “varinhas mágicas” eram objetos de “gente com posses económicas”.
Ao longo dos últimos 50 anos, o estabelecimento comercial abriu portas diariamente, ao primeiro raio de sol, com o propósito de “bem servir” a comunidade.
António Casimiro ainda era um “rapazinho” quando decidiu criar um pequeno negócio num espaço cedido pelo pai. A resposta da população foi de tal forma positiva, que o patriarca desafiou o filho a instalar o seu negócio no talho da família. “Ocupei uma parte do talho do meu pai para vender pequenos eletrodomésticos. Na época não era muito comum e o negócio foi bem recebido pela comunidade.
Lembro-me da loucura que foi quando comecei a vender as varinhas mágicas para a sopa… algo tão simples nos dias de hoje”, recorda o septuagenário. Anos mais tarde, o maiorguense deu mais um passo em frente, literalmente, com a mudança do negócio para o edifício na rua oposta ao talho da família. “O proprietário veio convidar-me para ficar com o espaço porque a loja ia encerrar.
Ele acreditava que o meu negócio ia continuar a crescer e que era uma boa oportunidade para mim”, relembra, confessando que “a renda de 50 contos era muito cara” para a época.
Ao longo de mais de duas décadas o maiorguense dividiu atenções entre a loja e o emprego na Cooperativa de Fiação e Tecidos de Alcobaça.
Durante esse período, era a mulher, Anabela Casimiro, que assumia as rédeas do negócio. “No final do dia, ela dava-me a lista de entregas e lá ia eu distribuir os bens adquiridos naquele dia. Era a única forma de conciliar ambas as responsabilidades”, relata o comerciante.
O espaço atual, inserido na moradia do empresário, foi erguido em 2004. “Após a morte do meu pai fiquei com esta casa, que necessitava de muitas obras. O empreiteiro falou-me da possibilidade de construir uma pequena loja dentro do terreno e foi, sem dúvida a melhor opção”, conta. Os “clientes amigos”, sabem que António Casimiro acorda com os primeiros raios de sol e que se o portão da casa estiver aberto, é um convite para entrar.
“Esta é uma comunidade pequena e já conhecemos os hábitos do outro. Sou uma pessoa muito ativa e abro logo a loja porque ter o espaço em casa tem essa peculiaridade: acordo e já estou pronto a trabalhar”, afirma, com orgulho.
O comércio “desleal” praticado nas grandes superfícies comerciais não assusta o empresário, que deposita a confiança no seu serviço de proximidade e de qualidade para manter o cliente. Admite que o negócio com meio século termina no dia em que decidir diminuir o ritmo.
No entanto, se depender deste empresário, os maiorguenses podem contar com o seu serviço por mais meio século.