Sexta-feira, Junho 27, 2025
Sexta-feira, Junho 27, 2025

Os donos do mundo e os seus joguetes

Data:

Partilhar artigo:

Há cerca de um século, um autor, hoje, quase desconhecido (Oswald Spengler), publicou uma obra que se tornaria leitura obrigatória em cursos em que se abordasse Filosofia da História; chamava-se a obra O Declínio do Ocidente. Do pouco que me ficou de tal leitura, retenho a ideia de que a Europa (e, por extensão, o Ocidente) tinha terminado, em 1918, uma época de desenvolvimento cultural, não lhe restando outra coisa que não fosse um progresso em civilização.

Estas teses têm sempre algo de vaticínio profético, nunca ascendendo ao estatuto de verdades científicas. Desde 1918, já houve sinais que pareciam confirmar esta ideia de Spengler e outras tantas que pareceram desmentidos. Há, no entanto, sinais inquietantes que, cada vez com mais insistência, parecem indiciar alguma doença do Ocidente. Desde os descobrimentos, goste-se ou não do termo, e, sobretudo, desde a revolução industrial, a Europa, primeiro, e, depois, a América, tornou-se o centro do mundo, impondo uma ordem que parecia ter nos valores da democracia, do individualismo, da tolerância e do humanismo os seus vértices fundamentais.

O que se passa atualmente no Afeganistão é, do ponto de vista destes valores, muito preocupante. Por razões que tiveram a ver com a sua segurança, os Estados Unidos e os seus aliados desembarcaram, a ferro e fogo, no Afeganistão.

Região de Cister - Assine já!

Assim, ao longo de 20 anos, exerceram um domínio que contou no terreno com a colaboração de muitos afegãos que, agora, temem pelas suas vidas, acusados de traição por gente que não tem primado perlas boas maneiras. Igualmente as mulheres que não se resignam a um estatuto de menoridade estão em risco.

Para os donos do mundo, as pobres gentes não contam: entram e saem das suas vidas, de acordo com as suas conveniências. As cenas que nos chegam do aeroporto de Cabul são dramáticas e mostram, na sua crueza, o desespero que se apoderou de muitas pessoas, meros joguetes de uma civilização decadente. No entanto, infelizmente, esta é uma marca que vem de longe. Com efeito, já em 1518, já Gil Vicente dizia, através de uma das suas personagens “Nós somos vida das gentes / e morte de nossas vidas”. O homem já teve tempo para se tornar um pouquito melhor.

AD Footer
Artigo anterior
Próximo artigo

Artigos Relacionados

Rotários de Alcobaça homenageiam professora Maria Carolina Ribeiro

O Rotary Club de Alcobaça distinguiu a alcobacense Maria Carolina Ribeiro, tratada carinhosamente por “Nicha”, que levou uma...

Santos Populares regressam ao exterior do Mercado Municipal de Alcobaça

Começam esta sexta-feira os Santos Populares na cidade de Alcobaça, com três dias de tasquinhas, animação musical, ranchos,...

Alunos criam painel de azulejos na EB1 do Carvalhal de Aljubarrota

Entre uma enorme onda de alegria e entusiasmo, os alunos da Escola Básica 1 do Carvalhal de Aljubarrota...

Centro Escolar de Alcobaça é finalista dos Prémios Zinkers da Fundação Repsol

O Centro Escolar de Alcobaça está entre as três escolas candidatas a ganhar um dos três Prémios Zinkers,...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!