A reflorestação da área florestal que se estende até ao mar nos concelhos de Alcobaça e Nazaré é uma das grandes preocupações da Associação de Produtores Florestais dos Concelhos de Alcobaça e Nazaré (APFCAN), que gere cerca de 20 mil hectares de propriedades florestais e que contabiliza 200 hectares de área reflorestada nos últimos cinco anos.
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O grande incêndio de 2017 acabou com 80 por cento da Mata de Leiria e cerca de 3.800 hectares de matas privadas sob alçada da APFCAN, que tem à sua responsabilidade a gestão de propriedades nestes dois concelhos, mas também nos municípios limítrofes: Leiria, Marinha Grande, Porto de Mós, Rio Maior e Caldas da Rainha.
Dos 200 hectares intervencionados com a plantação de novas árvores, cerca de 100 são referentes a terrenos geridos pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, entre os quais as Alvas de Pataias, explicou ao REGIÃO DE CISTER Marco Mendes, técnico florestal da APFCAN.
Em muitos locais da zona afetada pelo incêndio de há cinco anos, a regeneração natural não aconteceu e o investimento na plantação de pinheiro está a ressurgir, explicou, em declarações à revista Produtores Florestais, o engenheiro florestal. “Costumo dizer aos nossos associados, quem hoje tiver pinhal bravo que o guarde bem devido à diminuição da produção nacional”, lê-se na mesma publicação, que cita o técnico.
Foi no ano do grande incêndio que a associação criou o grupo de certificação florestal, com o apoio da The Navigator Company. Com 611 aderentes ativos e cerca de 4.800 hectares, a associação gere uma área com 53 por cento de eucalipto, 34 por cento de pinheiro-bravo, seis por cento de pinheiro-manso e dois por cento de sobreiro. Dez anos antes já a APFCAN tinha constituído quatro zonas de intervenção florestal (ZIF).
É da responsabilidade da associação a instalação de vários mosaicos de gestão de combustíveis de defesa da floresta contra incêndios, as operações de controlo da vegetação espontânea e de diminuição do arvoredo.
Para além do trabalho regular de controlo da lagarta do pinheiro, a associação distribuiu ainda armadilhas com feromonas para capturar os insetos que provocam o nemátodo. São vermes microscópicos do grupo das lombrigas considerados uma grave ameaça aos povoamentos de pinho, principalmente pinheiro-bravo por ser um agente que causa a murchidão do pinheiro. A APFCAN está ainda a preparar o povoamento de pinheiro para começar a ter atividade de resinagem dentro de alguns anos, depois de a produção nacional ter entrado em declínio e da forte concorrência de países como o Brasil e a China.
A par do pinheiro-bravo, a aposta dos produtores florestais é também no pinheiro-manso. A organização assiste a uma aposta cada vez maior naquela espécie e há cerca de sete anos passou a realizar a enxertia de pinheiros mansos, o que permite antecipar a produção de pinhas, e, em consequência, dos pinhões, de grande valor no mercado. Em vez dos habituais 20 anos necessários, a técnica utilizada possibilita ter pinhas num período entre oito a 12 anos.
A APFCAN foi criada em 2003. A associação conta com quatro técnicos florestais, um administrativo e duas equipas de sapadores florestais.