Foi proposto ao artista Rui Basílio criar uma “peça fugaz”, em pouco mais de quatro horas, que sensibilizasse para a temática da violência doméstica. A obra viria a ser exposta no Ministério Público do Rio de Janeiro, no Brasil, no âmbito da exposição “Incomensurável Paixão”, da artista plástica brasileira Isabela Francisco, que teve como foco a “valorização, a defesa da liberdade e a integridade feminina” e que esteve patente até ao passado sábado.
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O resultado foi um coração desenvolvido com o recurso ao lápis de carvão, à tinta acrílica, ao martelo e a uma ferramenta de desgaste chamada diprofil que simboliza as “marcas” de uma relação afetiva marcada pela violência que “nunca se apagarão”.
“O processo criativo foi desafiante. Gostei da zona de total desconforto e não idealizei nada antes de chegar ao local. Apenas entendi a temática, percebi o conceito da exposição e, no local, em função dos materiais disponíveis para trabalhar, criei”, avança o portomosense, em declarações ao REGIÃO DE CISTER. “Infelizmente a realidade da violência doméstica começa e termina quase sempre da mesma forma. Quando um casal entra numa casa tem como hábito escolher um mobiliário novo ou aparentemente novo e lentamente tudo se começa a degradar. Nesta peça foi essa infeliz realidade que quis transmitir”, acrescenta Rui Basílio.
O contacto com Isabela Francisco surgiu em Portugal e, desde logo, foram identificadas semelhanças entre o trabalho dos artistas.
Licenciado em Design Industrial e mestre em Design de Produto, o artista dá prioridade ao trabalho manual, sem a presença de máquinas robotizadas. Retratos, land art, projetos em madeiras, metais e pedra são alguns dos seus principais trabalhos.
Na região, o seu trabalho está em destaque na obra de arte urbana com 10 metros de comprimento e 2 de altura, do Miradouro de Chão das Pias, em Serro Ventoso, desenvolvida há mais de um ano, que conta a história dos muros de pedra seca característicos da serra do concelho de Porto de Mós.