Os nazarenos não estão contentes com o projeto de intervenção na arriba do Bico da Memória e pediram uma nova solução à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), na passada terça-feira, numa sessão de esclarecimento que juntou cerca de uma centena de pessoas no Casino – Salão de Festas.
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A APA mostrou-se disponível para receber ideias alternativas e tentar conciliá-las com o que já está projetado.
Na iniciativa, que surgiu após grande contestação cívica e uma petição lançada a 16 de março pelo Movimento Cívico Pela Defesa do Promontório, a APA lembrou o percurso do processo de intervenção para segurança do local. O vice-presidente daquele organismo, Pimenta Machado, fez um balanço do dossiê, “que tem 20 anos de história”, e não se cansou de repetir que o projeto foi elaborado em consonância com as exigências da Câmara e o escrutínio da Assembleia Municipal, em 2010. “Se há projeto que foi discutido foi este”, disse Pimenta Machado. Por outro lado, frisou o dirigente da APA, o projeto recebeu luz verde da Direção-Geral do Património Cultural.
Todos estão de acordo que é necessária uma intervenção nas arribas do Sítio, que foram objeto do primeiro estudo, em 2001, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Aquele organismo classificou o local como uma das zonas de maior risco no País. Em causa estão a instabilidade da arriba e o risco de queda de inertes do promontório, que se ergue a cerca de cem metros do areal.
Para os nazarenos presentes na sessão de esclarecimento, a opção encontrada pela APA, que implica a destruição de um muro secular e a construção de uma plataforma metálica, não respeita aquele património identitário.
A intervenção, no valor de 1,7 milhões de euros e com financiamento comunitário, inclui a remoção de muros existentes e a criação de uma nova barreira com perfis metálicos, a limpeza de vegetação, a criação de um sistema de caleiras de pavimento para recolha de águas pluviais e a criação de uma plataforma suspensa no Bico da Memória.
“Há bons e maus projetos. A APA vende isto como se fosse a única solução”, contestou Nelson Quico, do movimento cívico, para quem é fundamental “não fazer as coisas à pressa”.
“Fiz parte da Assembleia Municipal em 2010 e nunca conheci o projeto”, garantiu António Caria dos Santos, que defendeu “outras formas de intervenção naqueles muros”, de forma a não ser retirado “o que está ali há mais de 200 anos”. O membro do movimento cívico pediu ainda à APA para “demonstrar que a perfuração não vai rebentar com aquilo”, numa alusão aos 32 furos para instalar microestacas com 14 centímetros de diâmetro a uma profundidade de 10,5 metros.
Desde esta semana que o projeto – que inclui ainda intervenções no túnel do ascensor e no areal – pode ser consultado no site da Agência Portuguesa do Ambiente.