O exterior do edifício foi pintado de branco, com uma faixa azul, a condizer com o mar, ali ao lado, mas a verdadeira transformação é no interior da Capela da Senhora da Vitória, nas Paredes, onde todas as madeiras foram restauradas, do teto ao chão, incluindo os bancos, mesmo a tempo da chegada do Círio da Nazaré, que levou à ermida centenas de devotos no passado dia 18.
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A Comissão da Capela da Senhora da Vitória liderou o processo e encomendou o restauro das madeiras, que se encontravam repletas de bicho. Tudo foi reaproveitado, tratado e a diferença é bem visível quando se entra na pequena capela.
“Foi um trabalho demorado”, conta ao REGIÃO DE CISTER António Machado, da comissão, que lembra que na Quinta-feira da Ascenção, dia da romaria dos nazarenos, “ainda estava o pintor a acabar umas coisas”.
No âmbito da intervenção, foram substituídas duas janelas, que receberam novos vitrais, pela mão do artista Dino Luz: um representa os nazarenos e outro os pataienses e em ambos a figura de destaque é Nossa Senhora da Vitória.
A par da substituição das lâmpadas por LED no interior do edifício, no exterior foi instalada uma estrutura em pedra para a colocação de velas e a terra já nivelada aguarda a relva e a rega automática. As portas também estão na lista de prioridades e são o próximo objetivo da comissão. Os melhoramentos, que custaram cerca de 8 mil euros, foram possíveis graças ao patrocínio da Associação de Moradores e Amigos (AMA) de Paredes da Vitória, que contribuiu com 5 mil euros. A intervenção teve ainda o apoio da União de Freguesias de Pataias e Martingança e da Câmara de Alcobaça.
A Capela das Paredes é considerada a mais antiga da UFPM. Não se sabe ao certo, mas deverá remontar ao século XIII ou XIV, data do foral concedido por D. Dinis à vila de Paredes. A primitiva igreja ficou parcialmente destruída num incêndio em 1909, após um incidente com uma vela e um grupo de devotas da Nazaré, acabando por ser recuperada no mesmo ano.
Ao longo do século XX sofreu várias remodelações. Ainda ostenta um painel de azulejos do século XVIII, da antiga Real Fábrica do Juncal.
Apesar da antiguidade, a capela só recebe missas no verão, uma vez por semana, e em épocas especiais, como é o caso do Círio dos nazarenos ou do Círio dos pataienses, que se realiza a 15 de agosto.
“Todas as terras da freguesia têm missa aos domingos, menos as Paredes”, lamenta Dulce Ramalho, da comissão, que reside na praia e gostava de frequentar as celebrações religiosas na sua terra. Da mesma forma, diz não compreender por que motivo a capela não pode receber batismos.
A comissão da capela, que está em funções há cerca de cinco anos, integra ainda outros três elementos e é presidida pelo padre da paróquia de Pataias.