João Coelho conquistou, na passada quinta-feira, a medalha de ouro na prova de 400 metros nos Jogos Mundiais Universitários, que se realizaram em Chengdu, na China, estabeleceu novo máximo nacional na disciplina (44s79) – recorde que já detinha – e conseguiu marca de qualificação para os Jogos Olímpicos Paris’2024. Foi um dos momentos altos da participação lusa e teve “mão” de um… nazareno.
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É que João Coelho, natural de Vila Franca de Xira, é treinado pelo nazareno Victor Zabumba, conceituado técnico que foi eleito o treinador do ano 2022 na disciplina de velocidade e barreiras, pela Associação de Treinadores de Atletismo De Portugal.
“Estar nos Jogos Olímpicos será, talvez, o culminar de uma longa carreira e será, sem dúvida, o marco mais importante que alguma vez viverei no atletismo”, disse o nazareno ao REGIÃO DE CISTER, que esteve precisamente na China a acompanhar a comitiva portuguesa na modalidade de atletismo. “Não há palavras para descrever o que se sente. Há quem diga que quando se está em fim de vida, esta passa na nossa mente como um filme. Foi um pouco o que senti… naquele momento revi tudo o que passei até chegar aqui”, contou, recordando todo o momento até perceber que Paris’2024 deixara de ser apenas um sonho.
“Confesso que durante a prova apenas comecei a sentir-me nervoso nos últimos 50 metros, face ao que estava a assistir. Quando a prova acabou, a minha preocupação nem foi tanto se tinha ganho, mas sim se tinha feito marca para os Jogos Olímpicos”, lembrou.
Quando se apercebeu de que tinha sido atingida marca de qualificação veio a euforia (e que euforia!). “Quando tudo se conjugou foi um estrondo de emoção, ao que depois me afastei e sem me aperceber tinha as lágrimas a correrem pelo rosto. 33 anos de espera por um momento destes”, desabafou Victor Zabumba.
Habituado a marcar presença como treinador em europeus e mundiais, o técnico fala num momento de extrema felicidade, dedicando esta conquista pessoal, sobretudo, à família: “A eles devo tudo, pelo apoio durante estes anos. À minha esposa agradeço os sacrifícios que tem feito em prol do meu sonho, que são os Jogos Olímpicos”, disse.
Mas também Zabumba foi agraciado. E pelo maior responsável por este feito: “Apenas nos abraçámos a chorar e ele [João Coelho] só dizia ‘obrigado, obrigado, estamos nos Jogos’”. Não é por acaso que se proclama que o sonho comanda a vida. E o de Victor Zabumba e do atleta João Coelho (que só irá ficar totalmente confirmado em junho de 2024, momento em que haverá o acerto entre lugares de ranking e atletas que fazem marca de qualificação) está a sensivelmente um ano de se tornar realidade.