O Centro de Recolha Oficial de Animais (CRO) da Nazaré tem o maior canil da região, com capacidade para uma centena de cães, e mesmo assim está totalmente lotado. Apesar de não haver forma de recolher mais cães abandonados ou vítimas de maus tratos, praticamente todos os dias há relatos de animais errantes no concelho.
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A situação tem preocupado o vereador responsável pela pasta, Orlando Rodrigues, que lamenta o aumento exponencial de animais abandonados, um cenário para o qual o socialista alertou em junho último, em reunião do executivo, e que, desde então, “agudizou-se”, resume o autarca ao REGIÃO DE CISTER. “O pior é que há cada vez mais pessoas a entregarem animais e muitos são cães com chip”, refere Orlando Rodrigues, que garante não haver possibilidade de aumentar a capacidade do canil. É, de resto, um dos maiores do distrito, a par com o de Leiria, que tem pouco mais de 100 lugares. “Temos três ou quatro vezes a capacidade do canil de Alcobaça”, analisa. A solução passa, no seu entender, por uma mudança de paradigma e de mentalidades.
O vereador lembra que o número de animais de companhia abandonados cresceu em todo o País desde 2018, quando entrou em vigor a legislação que estabelece medidas para a criação de uma rede de centros de recolha oficial de animais e determina a proibição do abate de animais errantes como forma de controlo da população. “Já não praticávamos o abate desde 2014”, recorda o autarca, que considera que a alteração legal criou a noção de que “nem é muito mal abandonar porque não o matam”. O autarca garante que ao canil da Nazaré “vão parar, por exemplo, cães com chip da Marinha Grande”.
Orlando Rodrigues defende penalizações para quem abandona animais de companhia. “A solução passa por quem legisla”, sublinha o vereador, que diz não compreender “como é possível nada acontecer aos donos que abandonam”. Por outro lado, defende que “o Estado central tem de perceber que os municípios têm realidades diferentes”, sendo que concelhos como a Nazaré ou a Batalha têm menos habitantes e menos recursos, o que não significa que tenham menos animais errantes.
E se, no mundo dos cães, a situação é complicada, no universo dos gatos o cenário não é melhor. “O problema dos gatos é menos visível, mas também existe. Sobretudo porque se reproduzem muito mais facilmente do que os cães e transmitem doenças também com maior facilidade”, avalia Orlando Rodrigues.
Em junho, a autarquia instalou abrigos para gatos nos locais onde existem colónias, no âmbito de um programa de controlo da espécie. No entanto, a medida não está a surtir os efeitos desejados. “Tiram de lá os animais e dão-lhe comida fora dos abrigos”, lamenta o vereador, relatando o caso de um munícipe que reside no centro da vila juntamente com cerca de 40 gatos que vai encontrando na rua e que está a dificultar o trabalho de esterilização dos felídeos.
Antes de existir canil na Nazaré, os animais eram recolhidos para junto da PSP e, mais tarde, para as imediações das oficinas municipais. Foi no mandato de Jorge Barroso (PSD) que foi construído o canil, ampliado e melhorado já com o executivo de Walter Chicharro (PS).