Terça-feira, Novembro 18, 2025
Terça-feira, Novembro 18, 2025

De onde vimos?

Data:

Partilhar artigo:

A República Portuguesa decapitou a sua tropa operária acusando-a de “agitação social e greves”, os artesãos da carbonária, os operários de Alcântara, para finalmente parte das suas frações se reorganizarem em torno do Estado Novo e, aí sim, criarem uma coisa e o seu contrário — os monopólios e o proletariado, que saiu das Beiras para a Lisnave, da aldeia nativa para a plantações da Cotonang em Angola.

Devido à expropriação de bens públicos, ao aumento dos impostos sobre terras e propriedade, à gradual privatização das propriedades comunais, ao fim de leis como a do morgadio (que transmitia a herança exclusivamente ao primogénito), foi sendo criado um contingente de trabalhadores assalariados e um processo típico de acumulação primitiva estava assim em marcha — em marcha literalmente, porque estes processos foram acompanhados de milícias e exércitos na frente do título de propriedade, de baioneta e pique na mão – as revoluções burguesas são violentas. O século XIX decorre entre guerras civis, revoltas e mesmo guerrilhas — invasões francesas, a guerra civil entre liberais e miguelistas, a Maria da Fonte, a Patuleia, o Remexido, até à Janeirinha em 1868 — que, com direções distintas e complexas alianças, num processo que está longe de ser linear tinham sempre como eixo, por um lado, a concentração da propriedade e, por outro, a proletarização de setores significativos da população. A par destes movimentos cria-se, é sabido, a nação, o ser português, e a sua instituição-mor, o Estado, um administrador comum que procura estender o seu poder militar e fiscal a todo o território, gerir as diversas frações da classe dominante e disciplinar a força de trabalho. Há quase 5 milhões de portugueses hoje que vivem-do-seu-salário. Pese embora fórmulas mistas persistirem, como o pequeno empresário, a esmagadora maioria dos portugueses é trabalhador e é exclusivamente do trabalho que vive.

AD Footer

Artigos Relacionados

Cadela terapeuta ajuda crianças com necessidades especiais em Pataias

Na pequena sala de apoio da EB1 de Pataias, um menino do 2.º ano trabalha descontraído e concentrado...

Religião, fé e ciência (re)unidas à mesa em Alcobaça? SiGA!

Os crentes acreditam ter sido Deus o responsável pela criação do universo, os ateus defendem a teoria do...

Celense entre os finalistas do Ranking Nacional de Criatividade CCP 2025

O celense Vasco Eusébio, da produtora Krypton, está entre os cinco finalistas da categoria de edição do Ranking...

DaTerra está na antiga escola da Mélvoa e prepara nova fase

A Associação DaTerra, conhecida pelo Festival da Terra na Lagoa de Pataias, iniciou um novo capítulo com a...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!