Terça-feira, Outubro 21, 2025
Terça-feira, Outubro 21, 2025

O Natal e o bolo de noz da minha tia

Data:

Partilhar artigo:

O bolo de noz não faz parte de nenhuma tradição natalícia que conheça, mas não imagino um Natal sem o bolo de noz da minha tia.

Gosto muito daquele bolo, mas o que realmente me emociona são as lembranças que vêm agarradas ao caramelo que cobre o bolo: o cheiro e o estalido da lenha a queimar, a algazarra em volta da mesa e, inevitavelmente, o fim da noite em volta do velho monopólio. Podíamos ter acabado de receber mil e um brinquedos, mas era sempre o monopólio que nos sossegava, apesar de nunca termos conseguido, ou, sequer desejado, terminar uma partida de monopólio. Ninguém queria saber quem ganhava e nunca ninguém esperou acabar o jogo: o melhor era sempre o início, quando colocávamos as cartas, dividíamos as notas e escolhíamos os peões. Depois, era inevitável que alguém virasse o tabuleiro, espalhando os investimentos imobiliários, ou um dos primos caísse, ensonado, para dentro da caixa do banco, misturando todas as nossas fortunas.

O Natal dos nossos dias é tão luminoso, tão rico em imagens e em símbolos de todas as cores, formas e feitios, que é impossível não identificar as mensagens comuns e essas por serem tão excessivas, passam rapidamente à banalidade. A publicidade no Natal apela sempre às emoções, as autoridades competem pelo tamanho e originalidade das luzinhas que enfeitam as ruas, há disputas pelo melhor doce ou o presépio mais original. Mas o que realmente nos aproxima dos nossos são aqueles símbolos, aquelas memórias e aqueles rituais que, em forma de caminhada até à missa do galo, de jogo repetido ou de bolo partilhado,  perpetuam os valores que celebramos intimamente e contribuem para nos construirmos.

Região de Cister - Assine já!

Estas lembranças são a maior riqueza do Natal. Como um bolo de noz que só a minha tia sabe fazer ou uma caixa de banco do monopólio que se mistura quando o sono cai, e já não é essencial saber quem é mais rico, nem quem tem mais propriedades, casas ou hotéis, e quando já não interessa saber quem tem de voltar para a prisão sem passar pela casa de partida. Confesso-vos que para mim, o Natal só acontece realmente, quando se misturam as fortunas.

AD Footer

Artigos Relacionados

Câmara da Nazaré alerta para presença de caravelas-portuguesas nas praias

A Câmara da Nazaré alertou, em comunicado enviado às redações, para a presença de caravelas-portuguesas ao longo da...

Bombeiros do Juncal celebram 40 anos com alerta para necessidades futuras

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Juncal comemorou 40 anos de atividade com uma cerimónia aberta à...

Associação de Bem-Estar da Cruz da Légua comemorou 40 anos junto da comunidade

A Associação de Bem-Estar da Cruz da Légua (ABECL) celebrou 40 anos desde que recebeu o seu primeiro...

Movimento e alma local encontram-se no Studyo Nazaré

A Nazaré ganhou um novo espaço de movimento e partilha com a abertura do Studyo Nazaré, um estúdio...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!