Segunda-feira, Outubro 27, 2025
Segunda-feira, Outubro 27, 2025

Sentir o Carnaval

Data:

Partilhar artigo:

O Carnaval da Nazaré é uma festa que “não se explica, sente-se”. Em tempos idos, Alves Redol retratava assim o evento conotado como maior rito da vida coletiva do concelho da Nazaré.

“Todos precisam de se divertir. Porque a vida corre bem? Não. Quase sempre porque a vida corre mal”, dizia Redol. “A vida não pode ser só aquela matação(…) o coração da gente rebenta se nele só morar tristeza; é preciso dar-lhe alento”. Não há nazareno que não se identifique com estas palavras. A escrita neorrealista retrata a forma como “brincar ao Carnaval” surtia um efeito dissipador do sofrimento vivido na árdua faina do mar.

Para compreender este “sentir nazareno” devemos ter em conta que não podemos com- preender o homem desligado da sua vida social. Redol fez esta leitura como nenhum outro. O escritor vilafranquense brindou-nos com a mais pura definição deste sentimento adjetivado de inexplicável. Convido-vos a solicitar a um naza- reno que o coloque em palavras; asseguro-vos que vos dirão que é impossível! Rapidamente se apressarão a invocar Redol, exclamando: “Não se explica; sente-se!”.

Região de Cister - Assine Já!

Quem nos visita poderá questionar o que existe afinal de especial! Poderei responder- lhes (embora seja suspeita) afirmando que a razão está à vista: um postal à beira mar plantado; a forte tradição aliada à fervorosa espontaneidade e a força de um povo a quem “corre o mar nas veias”.

Se dúvidas persistirem, o mote escolhido para 2020 tratará de as dissipar. A expressão “Beu àuga da fontinha” remete-nos para a ideia de que os que chegam de outras pa- ragens, enamoram-se profundamente pela forma de viver dos nazarenos, quando, ex- perimentam “esse sentir” tão peculiar.

Vive-se assim o Carnaval na Nazaré. Uma festa de todos e para todos! Todas as for- mas de expressão defendem a liberdade, o respeito e a inclusão. A produção ímpar de conteúdos criativos não é observável noutra região do País. As marchas de Carnaval são a melhor representação dessa singularidade.

Todos, sem exceção, são o retrato coletivo do talento de um povo que “tem o Carnaval na alma”, porque “ vive, respira e sonha Car- naval”. Façam como Redol: “bebam áuga da fontinha” e enamorem-se!

AD Footer
Próximo artigo

Artigos Relacionados

Guia gastronómico perpetua receitas antigas (e esquecidas) de Serro Ventoso

Um novo guia gastronómico que valoriza a cozinha e os pratos típicos de Serro Ventoso já está disponível,...

CD Pataiense renova sede e planeia retomar futebol jovem

Telmo Moleiro foi reeleito presidente do Clube Desportivo Pataiense (CDP) na assembleia-geral realizada a 26 de setembro. No...

Misericórdia de Alcobaça inaugura residências assistidas

Foram inauguradas, no passado dia 15, as residências assistidas da Santa Casa da Misericórdia de Alcobaça, num acontecimento...

Bairro Feliz do Pingo Doce tem oito causas em votação na região

O programa Bairro Feliz, promovido pelo Pingo Doce, tem oito causas em votação nas lojas da região, com...

Aceda ao conteúdo premium do Região de Cister!