Domingo, Novembro 2, 2025
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Pedalada na Burinhosa acontece à moda antiga

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Alguns dos participantes podiam nem saber onde ficava a pequena aldeia, mas, com tantas placas, sinais e setas ninguém se podia enganar no caminho para a Quinta da Valinha, na Burinhosa, que, no passado domingo, foi o ponto de partida para o Encontro Nacional de Bicicletas Antigas (ENBA).

A partida estava marcada para as 10:30 horas, mas muito antes de as pasteleiras se porem à estrada, o reboliço já era muito. Logo à entrada, o secretariado do Men in Bike (clube responsável pela organização do encontro), ‘chamava’ os participantes a levantar o respetivo passaporte. Depois do “check-in” e das boas vindas das meninas vestidas de vermelho e azul, ao estilo pin-up, o caminho era livre. Se bem que o papel A4 afixado num dos bares da quinta, no qual se lia “pequeno-almoço”, foi motivo de atração para muitos. “É um café e um pastel de nata, se faz favor”, pediu um dos 800 participantes da 11.ª edição do evento com mais pedalada do País.
Sim, isso mesmo. As inscrições esgotaram há um mês e meio e este ano o recorde de inscrições foi mesmo atingido. “Agora perguntam-nos quando chegamos às mil bicicletas, mas temos de crescer aos poucos, até porque queremos fazer as coisas com calma e segurança”, conta Rui Rodrigues, um dos homens que lançou o ENBA há 11 anos. Mas vamos por partes.
Há quem diga que neste dia também se comemora o Carnaval na Burinhosa. E a avaliar pela indumentária é bem capaz de ser verdade. Há de tudo e vêm de todo o lado: padres, padeiros, escoceses, árabes e há até quem traga o seu amigo de quatro patas. Vestidos com mais ou menos rigor, todos “pedalam” para apresentar o seu novo traje no grande dia. “Dediquei dois serões à preparação e confeção da roupa, inspirada nos anos 60, para o meu grupo vestir neste evento“, conta Alice Moniz, que veio da Maceira, concelho de Leiria, até à pequena aldeia da freguesia de Pataias e Martingança, para participar pela primeira vez no encontro, onde a irmã já é veterana. “Venho há quatro anos e trago a família toda. Este ano até o meu neto de 1 ano vem vestido a rigor“, refere a irmã Celeste Jacinto, para quem “o convívio e a tradição são o grande chamariz do ENBA”.
Ainda no “recinto”, e minutos antes da partida, são vários os olhares curiosos sob as duas exposições temáticas deste ano: “A bicicleta antiga como meio profissional” e “Bicicletas de criança”. Um dos “men in bike” [homens na bicicleta] anuncia que “dentro de dez minutos vai ter início o passeio de bicicletas antigas”, pelo que é momento de pegar na amiga de duas rodas. Travões? Sim. Buzina? Siiiiiimmm. Ar nos pneus? Mais ou menos… Nos últimos preparativos, até os padeiros se “vestem” de mecânicos e sujam as mãos para garantir a sua segurança no percurso de cerca de 15 Km. 
Tudo começou há 11 anos com uma brincadeira a que responderam 27 ciclistas e respetivos velocípedes da Burinhosa. “Foi por carolice que um grupo de amigos se reuniu e decidiu criar o ENBA. Longe de imaginar que o evento tomasse estas dimensões, com inscrições de pessoas vindas de norte a sul do País“, confessa Rui Rodrigues, que comandou o pelotão. 
Diretamente da Murtosa, distrito de Aveiro, foram 11 os amigos que, pelo segundo ano consecutivo, prepararam o farnel, o traje e as pasteleiras para “participar no convívio”. E que convívio. Depois de alguns quilómetros percorridos entre euforia e sorrisos, as bicicletas foram trocadas, na paragem feita na Pedra do Ouro, por chouriça, pastéis de bacalhau, queijo, pão, fruta, água com gás e até uma garrafa de champanhe, no caso do tal grupo de amigos. “Conhecemos paisagens fantásticas e o espírito deste grupo é sempre uma animação“, sublinha Francisco Ernesto, ou “para os amigos” Ernesto Francisco, brindando com os amigos ao ENBA.
Entretanto, as “Donas Elviras”, como são chamadas as pasteleiras, voltaram à estrada. Mas, desta vez, não foi tão fácil para quem as pedalava. “Já não tenho força para tocar na buzina”, sussurrava um participante, visivelmente cansado com a subida. “Isto é quase a Volta a Portugal em bicicleta na Burinhosa“, confirmava o seu acompanhante do percurso.
3,2,1… “Já chegámos!”. É hora de voltar a agarrar nas marmitas, ir para as sombras disponíveis e recarregar energias com qualquer petisco que venha à rede. Até porque ainda há uma bicimobília para visitar e, só para os que aguentam a pedalada, a tarde prolonga-se até à noite, com a certeza de que para o ano há mais.  

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