“Ainda há o dia do arroz de peixe?” Saiu, naturalmente, a pergunta a Joaquim Soares, sentado numa das cadeiras onde um dia aprendeu a ler e a escrever. O REGIÃO DE CISTER juntou lado a lado diferentes gerações para uma agradável, cativante e surpreendente conversa, no dia em que o Jardim-Escola João de Deus de Alcobaça comemorou, no passado sábado, um século de existência. Para “felicidade” do médico alcobacense, apesar de ainda fazer parte da ementa, já não é com a mesma regularidade de outros tempos.
“Ainda há o dia do arroz de peixe?” Saiu, naturalmente, a pergunta a Joaquim Soares, sentado numa das cadeiras onde um dia aprendeu a ler e a escrever. O REGIÃO DE CISTER juntou lado a lado diferentes gerações para uma agradável, cativante e surpreendente conversa, no dia em que o Jardim-Escola João de Deus de Alcobaça comemorou, no passado sábado, um século de existência. Para “felicidade” do médico alcobacense, apesar de ainda fazer parte da ementa, já não é com a mesma regularidade de outros tempos.
Olhando para a fotografia, da esquerda para a direita, temos Simão Vicente (9 anos, 4.º ano), Maria Fernanda Reis (82 anos), Maria Manuel (10 anos, 4.º ano), Ângela Pedrosa (83 anos), Henrique Magalhães (10 anos, 4.º ano) e Joaquim Soares (57 anos). Feita as apresentações, chegou o momento de saber como são, ou foram, passados os dias numa das escolas mais emblemáticas do concelho.
O menino Henrique, que um dia sonha ser futebolista profissional e que acha a “escola muito divertida”, pergunta a Joaquim Soares o que mudou na escola desde o seu tempo. “Está praticamente tudo igual, à exceção dos edifícios construídos nas traseiras”, afirma o médico, recordando também o som do “órgão infernal” onde praticamente todos os dias cantavam.
Com Ângela Pedrosa, que ainda é do tempo da escola em frente ao Mosteiro, ficámos a saber que a fachada do Jardim-Escola é a mesma de outrora, data de 1915: “foi trazida para este espaço pedra a pedra”. A antiga comerciante não tem dúvidas que foram os ensinamentos adquiridos no estabelecimento de ensino que a tornaram a mulher que é hoje. Lembra quando levava, acompanhada pela empregada, nas suas pequenas mãos uma moeda de cinco escudos. “Já não me recordo se o valor era para pagar uma semana ou o mês”, avança Ângela Pedrosa, orgulhosa pelas amizades que preservou desde os tempos do Jardim-Escola junto ao monumento até aos dias de hoje.
“Aqui na escola explicam muito bem e fazemos muitos amigos”, diz a menina Maria Manuel que quer ser médica.
Religiosamente, Maria Fernanda Reis, que frequentou o Jardim-Escola entre 1936 e 1940 ainda no Rossio, guarda os seus cadernos onde aprendeu a escrever. Simão Vicente, que ficou surpreendido com a estima dos documentos, deseja ser empregado de mesa para ajudar o pai no restaurante.
Diferentes gerações sentaram-se lado a lado, partilhando recordações de uma escola que enche de orgulho a região há 100 anos.
O amor à escola e ao ensino levam Joaquim Soares e Ângela Pedrosa a integrar a Comissão de Antigos Alunos do Jardim-Escola João de Deus de Alcobaça, que mantém uma forte ligação com o estabelecimento de ensino e pelo qual vão passando diferentes gerações da sociedade alcobacense.
O dia do arroz de peixe já não há, mas a sopa de chocolate, como quem diz de feijão vermelho, ainda se mantém. Será que daqui a 100 anos ainda haverá?