Sábado, Dezembro 21, 2024
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Trail: Jorge Serrazina brilhou na Transpyrenea

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Jorge Serrazina decidiu percorrer, aos 60 anos, os 866 quilómetros da Transpyrenea, uma das provas de trail mais duras do mundo, que liga o Mediterrâneo ao Atlântico, correndo durante… 15 dias seguidos. E foi o terceiro melhor português em prova, cumprindo o trilho GR10, que atravessa os Pirinéus, no tempo de 366h29m26s, sendo 33.º classificado da geral.

Jorge Serrazina decidiu percorrer, aos 60 anos, os 866 quilómetros da Transpyrenea, uma das provas de trail mais duras do mundo, que liga o Mediterrâneo ao Atlântico, correndo durante… 15 dias seguidos. E foi o terceiro melhor português em prova, cumprindo o trilho GR10, que atravessa os Pirinéus, no tempo de 366h29m26s, sendo 33.º classificado da geral.

O mais curioso é que quando começou a praticar corrida, em 2003, este beneditense que assegura a direção técnica da Cooperativa Agrícola dos Criadores de Gado da Benedita, considerava que fazer uma maratona “já era uma coisa incrível”. Passados 13 anos, provou que o sonho de um homem não conhece limites, tendo completado qualquer coisa como… vinte (!) maratonas em duas semanas, sob condições muito adversas.

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“Comecei por fazer trail e as distâncias maiores foram surgindo de forma natural. Em 2008 fiz a primeira maratona de 100 quilómetros e depois foi sempre a andar”, relembra Jorge Serrazina, feliz por ter superado um “desafio muito grande”. “É uma prova muito difícil pela distância, pelas condições da montanha e também pela minha idade… Tinha dúvidas se conseguia superar todos os fatores, mas foi um desafio que decidi enfrentar e felizmente cheguei ao fim”, atesta o superatleta, que trouxe muitas histórias para contar.

Durante o percurso, o veterano perdeu uma bandeira de Portugal, que seria encontrada por um atleta e depois transportada até à meta por João Colaço, sofreu uma queda após receber um telefonema e ficou com o nariz ensanguentado. E, numa noite de intenso nevoeiro, perdeu-se e teve de voltar para trás para reencontrar o trilho. “Temos de navegar com as condições que existem. Socorri ao GPS, mas nessa noite ia sozinho na montanha e o nevoeiro e a chuva impediam-me de ver mais de um metro. A opção foi, então, voltar para trás e esperar pela manhã seguinte, dentro de uma cabana, para prosseguir a prova”. Foi, então, que reencontrou o marinhense João Colaço, de 40 anos, com quem acabou por fazer parte da corrida, e que terminaria a Transpyrenea na 55.ª posição.

“É uma prova muito difícil pela distância, pelas condições da montanha e também pela minha idade… Tinha dúvidas se conseguia superar todos os fatores, mas foi um desafio que decidi enfrentar e felizmente cheguei ao fim”, atesta o superatleta, que trouxe muitas histórias para contar.

As adversidades de uma das mais duras provas do mundo não se resumem às condições atmosféricas, mas sem dúvida que contribuem para elevar o grau de dificuldade dos atletas. “Não esperava trilhos tão técnicos, com tanta pedra, nalguns casos tínhamos mesmo de fazer alpinismo com cordas. Depois, para complicar, a variação das condições atmosféricas torna tudo mais difícil, pois acordamos com 35º e enfrentamos trovoada à tarde”, sublinha Jorge Serrazina, que fez toda a corrida com um mochila de 10 quilos.

“Faz parte do regulamento, deixarmos as bases de vida com a alimentação e água. Além disso, cada atleta gere o tempo e dorme como entende e o cronómetro está sempre a correr. Na mochila trazia 6 mil quilocalorias de alimentação, que é o valor entendido para ter o mínimo de sobrevivência na montanha, mais água e sacos-cama”, sublinha o ultramaratonista, que aproveitou as provas que fez desde o início do ano para correr “com uma mochila às costas com o mesmo peso que iria carregar na travessia dos Pirinéus”. Foram 1.300 quilómetros em provas nacionais e uma na Argentina “que obrigava quase a autonomia total. Fiz essas provas todas já com peso. Isso ajudou bastante”, reconhece o atleta, que nunca pensou desistir.

“Houve momentos difíceis, nomeadamente depois de me ter perdido e ter de voltar ao trilho. Nessa noite encontrei o João Colaço e tivemos uma noite muito complicada, com muita chuva, lama. Dormimos em cima de uma pedra, à chuva e só chegámos à base de vida às 6 da manhã”, relembra Jorge Serrazina, que, passados vários dias depois da aventura, ainda exibe as marcas do esforço. “As bolhas ainda são muitas e tenho de andar devagarinho… A montanha é uma paixão e agora vou descansar. Estou a saborear ter chegado ao fim desta e não vou parar, mas depois desta não sei o que haverá mais…”

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