E que paixão é essa? É simples.
O maior potencial, nem sempre aproveitado, de Alcobaça é o amor pela terra de muitos dos seus habitantes. De quem teve de fazer vida fora do campo magnético das torres do Mosteiro. De quem cá vive. É uma paixão não traduzível por ações de marketing, uma que nem se empacota ou na qual põe um selo, como nas maçãs. Também não se engarrafa como o ar de Fátima, não a podemos oferecer no Natal dentro dum envelope. É uma paixão que se vê e escuta, e que se concretiza apesar de evidente mau feitio de muitos, apesar da burocracia doutros, apesar de tanto encolhermos os ombros
Esta paixão vê-se nos restaurantes que lutam há anos, nos que têm nova vida. Escuta-se nos cafés, nas lojas e ruas, onde uns dizem mal da cidade por paixão, e, outros, por pura maldade. Sente-se nas queixas dos comerciantes, “este ano está pior que nunca”, no sorriso de liberdade dos jovens no final das aulas, aos namoros, nos senhores e senhoras em idade de reforma que se sentam nos bancos, ao frio, admirando as luzes de Natal.
E o que faz falta?
O que faz falta é que a cidade, que somos todos nós, os nados e criados, ou os “arrivistas”, os que mandam, os que executam, se apaixonem por quem tem paixão pela cidade, que retribuem, que digam obrigado a todos quantos empreendem por aí, porque se a paixão alimenta a alma, há outro sustento que só uma comunidade unida pode oferecer: um amor que faça com que Alcobaça ganhe o prestígio que tem que fazer por merecer, pelos cá de dentro, pelos que vivem depois das rotundas que nos levam a outras paragens.
Boas festas!