Segunda-feira, Dezembro 22, 2025
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Estado de Exceção Permanente

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A extrema-direita é uma ameaça à civilização. Pressupõe que os problemas da sociedade se resolvem com recurso à violência, à segregação, à repressão. Mas não é exclusivo da extrema-direita a ideia de usar a força bruta contra os cidadãos. Assistimos nos últimos anos, e a “luta contra o terrorismo” e a gestão da pandemia são dois saltos em frente, à constante restrição das liberdades democráticas, em nome de um Estado cada vez mais omnipresente nas nossas vidas. Os meios tecnológicos lançaram a possibilidade desta vigilância ser agora garantida 24 horas por dia.

Se a classe média liberal só agora sentiu na pele a força bruta do Estado – com os confinamentos e a restrição drástica da circulação – as classes trabalhadores e imigrantes vivem há muito de perto com o bonapartismo estatal. Só em Portugal e cito de memória, além das constantes restrições do direito à greve impondo serviços mínimos máximos ou pré-avisos de 15 dias (que desmontam os efeitos da greve), tivemos o patrocínio policial Estatal (do PS) a fura greves em Setúbal, contra trabalhadores à jorna; a requisição civil contra os enfermeiros; a requisição militar contra os motoristas de matérias perigosas. A greve dos motoristas do Canadá contra o passe sanitário, a que se juntou grande parte da população, foi vitoriosa, mas o Governo liberal canadiano tentou fazer passar para fora que tinha sido a ameaça de 1 ano de prisão aos grevistas a desmobilizar a greve e não, como efectivamente aconteceu, a vitória contra os passes sanitários. Mesmo quando não tem poder, o Estado tem que demonstrar força. A França de outro liberal, Macron, é de longe o país na Europa com mais medidas de proibição, multas e perseguição a manifestantes. A diferença é que a extrema-direita é na essência um grupo de rufias, milícias privadas, que procuram silenciar os inimigos, actuam à margem do Estado (embora por vezes com a sua anuência ou cumplicidade, como foi o assassinato de Rosa Luxemburgo). Já nos casos que citei trata-se de violência organizada pelo Estado, com mais ou menos suporte jurídico, e sempre de “exceção”.

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