São previstas quebras nas colheitas deste ano de Pera Rocha do Oeste e de Maçã de Alcobaça. No caso da pera, as quebras podem ascender aos 50% e na maçã deverão ser acima dos 20%. Ainda assim, os produtores apontam para que a fruta seja mais rica em nutrientes e com níveis altos de brix.
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Em relação à pera, as estimativas são avançadas pela Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha, sendo também confirmadas pelo presidente da Cooperfrutas ao REGIÃO DE CISTER, sublinhando que o valor pode, ainda assim, sofrer alterações até ao fim da colheita. Sérgio Pereira aponta a estenfiliose [doença que ataca principalmente nas folhas, frutos, pecíolos e pedúnculos e é causada pelo fungo, sendo também conhecida como doença das manchas castanhas] e a seca extrema registada durante este ano como as principais causas para a quebra na quantidade da fruta. “O calibre menor e a elevada quantidade do número de frutos estragados são consequências desta quebra”, afirma o também produtor.
A Cooperfrutas trabalha com cerca de 70 produtores, dos concelhos de Alcobaça e de Caldas da Rainha, sendo que, admite o empresário, todos “os produtores se estão a deparar com a mesma situação”, ainda que em proporções diferentes. Sobre o aumento do preço a que a fruta é comercializada, Sérgio Pereira nota que o mesmo poderá subir, “embora não compense os prejuízos causados pelas quebras nas colheitas.
O dirigente pede ainda mais apoios, a nível técnico e financeiro, para fazer face ao impacto das quebras no setor. Todavia, ressalva também Sérgio Pereira, a pera terá níveis mais elevados de brix. Que é como quem diz, será mais doce.
Essa é também a mensagem que transmitiu o presidente da Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA) ao REGIÃO DE CISTER. Jorge Soares aponta a uma quebra de produção de 21%, salientando que haverá o mesmo número de frutos, todavia com menor calibre.
Os consumidores da Maçã de Alcobaça não vão, contudo, ser afetados por esta quebra, uma vez que a associação vai disponibilizar o “mesmo número de maçãs certificadas para comercializar”, e, refere o presidente da APMA, ainda vão ser beneficiados: “com menos peso, e gastando menos, a população consegue ter o mesmo número de maçãs em suas casas”. Além disso, afirma também, a “fruta, tendo sido produzida com menos água e sendo mais amiga do ambiente, melhorou na qualidade”. “A planta defende-se, desenvolvendo outras substâncias opostas às do crescimento, o que resulta num fruto extremamente doce”, nota. “As maçãs vão ser 20% menores em calibre, a receita para os produtores vai ter uma quebra de 20%, mas, para os consumidores, uma maçã com menos 20% de tamanho e peso tem, sensivelmente, em concentração de ácidos, açúcares, e outros complementos, mais 20% do que no ano passado”, refere Jorge Soares, reiterando que o impacto das quebras de produção será apenas sentido do lado dos produtores, colocando mesmo em risco alguns deles.
As alterações climáticas são também apontadas pelo dirigente como a principal causa para esta quebra de produção, elencando que são necessárias medidas no setor, nomeadamente nas obras públicas, para atenuar os efeitos provocados pelo clima em Portugal.