É criador dos mais belos exemplares do mundo de canários Norwich. Prova disso são os prémios que Martinho Morins arrecadou ao longo dos anos em competições mundiais.
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O especialista da Burinhosa prepara agora a presença das suas aves no próximo concurso internacional, que se disputa em janeiro do próximo ano em Espanha.
Participou na primeira exposição em 1997, no Forte de Peniche, e arrecadou praticamente todos os prémios. Num ápice, vendeu todas as aves e passou a ser procurado pelos canários que cria. “Vêm cá clientes de todo o país, vêm cá pessoas dos Açores e até malta de fora”, conta o criador, que integra os clubes ornitológicos de Caldas da Rainha, Peniche e Figueira da Foz. Atualmente, explica o burinhosense, o preço de cada canário pode chegar aos 100 euros.
Os belos exemplares reconhecidos mundialmente não são obra do acaso. Martinho Morins sabe que os canários Norwich não são bons criadores e recorre a “madrastas”, canários de outras raças que são excelentes amas, alimentando as crias alheias como se fossem suas.
Nas traseiras da habitação do burinhosense encontra-se uma dependência só para os valiosos canários, protegidos por sistema de videovigilância e alarme. Além dos Norwich, que lhe valeram várias medalhas de ouro, Martinho Morins cria canários Border, canários vermelhos e a única raça lusa: o Arlequim Português. Tem mais de uma centena de aves.
A silhueta do pássaro, a dimensão ou o volume das penas, a coloração, a crista, o bico ou outros aspetos são analisados pelo criador da Burinhosa, que sabe como aperfeiçoar características. O cruzamento dos canários é feito com critério rigoroso, bem como a data escolhida para procriar. “Nunca antes de março”, recomenda Martinho Morins, que lembra a importância de se respeitar o ciclo natural das aves. Por isso, o criador da Burinhosa tem, por estes dias, praticamente todos os casais de canários à espera de ninhadas ou já com minúsculas crias. Os ninhos são construídos pelas aves, com recurso a sisal, que o criador deixa nas gaiolas. “Eles é que acarretam o material”, garante.
Continua a participar em alguns encontros nacionais, mas é nas competições internacionais que sente os maiores desafios, pela qualidade que encontra em aves de criadores de todo o mundo. Sai dos campeonatos internacionais sempre com prémios em várias categorias.
Aos 61 anos, o burinhosense, que trabalha numa empresa de mobiliário em Pataias, já pensa em deixar o passatempo, 26 anos depois da primeira experiência. Cuidar dos canários é uma tarefa que o ocupa várias horas por dia. “Tenho de dar lugar aos mais novos”, refere o criador. Enquanto mantém a criação das preciosas aves, os prémios continuam a acumular-se, de tal forma que tem, junto às dezenas de gaiolas, um móvel já demasiado pequeno para tantas medalhas e troféu.