Com 16 mil utentes inscritos, apenas cerca de 8,5 mil utentes da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Porto de Mós (USCP) tem, atualmente, médico de família, estando a restante população sem acesso a cuidados de saúde.
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A informação é avançada pela coordenadora da USCP que, em comunicado, fez um ponto da situação das circunstâncias em que os profissionais de saúde estão a trabalhar. Segundo Ana Maria Henriques, estão nesta unidade a trabalhar “cinco médicos a tempo inteiro e um clínico a tempo parcial”. No posto de Mira de Aire está em falta um médico, situação que é a mesma na União de Freguesias de Arrimal e Mendiga e em Alqueidão da Serra. Já no que diz respeito ao Centro de Saúde da vila estão ausentes dois clínicos.
“A equipa médica que se mantém ao serviço, mantém o compromisso de prestar os melhores cuidados de saúde aos seus utentes, sendo que cada um dedica três horas semanais para responder às situações prioritárias dos utentes que não têm médico de família”, sublinha a coordenadora da USCP. “Esta resposta não é suficiente nem adequada pelo que estão a ser estudadas outras soluções externas para minimizar este problema”, destaca Ana Maria Henriques. A responsável lamenta ainda que o próximo concurso só se realize em agosto, para o qual “foram pedidas cinco vagas”. Para que a equipa da UCSP esteja completa, é necessário que sejam também admitidos um enfermeiro e dois assistentes administrativos.
Ainda no mesmo comunicado, a coordenadora da USCP refere que estão em curso “projetos para melhorar os cuidados prestados” e que os profissionais se encontram “empenhados” em “organizar e inovar” naquela unidade de saúde, adiantando que a continuidade do trabalho está em causa dada a “quantidade de profissionais que estão em falta”. A “sobrecarga de trabalho a que os profissionais estão atualmente expostos”, que poderá “levá-los à exaustão”, também é evidenciada na nota.
Atualmente, o concelho de Porto de Mós tem 26.779 mil utentes incluídos na USCP e na Unidade de Saúde Familiar Novos Horizontes, que abrange as freguesias do Juncal, das Pedreiras e da Calvaria de Cima.
A precariedade do setor da saúde no concelho é uma realidade que já se arrasta há anos. Em janeiro do ano passado, a associação Urgente organizou uma manifestação contra a falta de médico de família. O mesmo já tinha acontecido há quatro anos, mas a situação pouco ou nada mudou.
De forma a fazer face a esta ausência de respostas ao nível de cuidados de saúde públicos, a Câmara de Porto de Mós lançou no ano passado um seguro de saúde dirigido a todos os utentes do concelho que abrange consultas de especialidade, assim como um conjunto de procedimentos, tais como rastreios e exames de diagnóstico, dando, em média, 50% de desconto em relação ao valor praticado pela unidade hospitalar ou pela clínica. Os munícipes podem solicitar o cartão através do site do Município.