Por vezes, as pessoas na rua, ou no supermercado, onde passamos a vida, na economia circular, lembram-nos que vale a pena estar cá, apesar do feio mundo que nos rodeia, materializado pela prepotência mentirosa dos políticos; pelas “inverdades” tendenciosas dos jornalistas; pela maldade pura das redes sociais.
Passei mal num concerto lá fora, na Polónia, para ser mais exato. O que me aconteceu? Uma tempestade perfeita entre exaustão (3 meses em digressão), uma condição gástrica e este mundo que nos deprime, a cada passo. Vento, granizo, chuva dentro de mim. Agora estou bem melhor, e quando o corpo recupera, a mente retoma seus caminhos.
Expus a notícia nas redes, com fotos, porque é importante as pessoas que vão aos concertos, saberem que esta vida não é um mar de rosas, de facilidades, um trabalho invejavelmente fácil, que todos seriam capazes de fazer. Errado.
Dei a triste novidade, porque não quero cair no cliché de pensarem que sou alcoólico e toxicodependente, como muita gente já pensava, olvidando a empatia que nos merece a fragilidade de pessoas fortes, como eu. Aliás, muitos dos que me criticam, nem um minuto aguentariam na minha vida. E assim, esta informação correu mundo, tornou-se viral. Nem sempre da melhor maneira, mas, de algum modo, se soube. Quando me pus de pé e fui às compras, à rua, à vida, foram imensas as pessoas que me perguntaram por mim, aqui na cidade que escolhi para viver. Apesar dos inúmeros votos de melhoras na Internet, este “cuidado” ao vivo das pessoas que se cruzaram comigo tem outro sabor.
Não sabe a hospital ou frases feitas, ou ódio de pacotilha. Sabe-me, sim, pela vida e lembra-me que, talvez, ainda haja esperança em nós apesar da política, da economia, da guerra, do desamor.
E, sem frases feitas sobre Alcobaça (que já me enjoam, confesso), aproveito este espaço para agradecer. O mais importante na vida, para além de perdoar, é agradecer. E tal como num concerto, remato: Obrigado, Alcobaça!