Antes de começarem as festas de Alcobaça (Feira de São Bernardo e Festa da Maçã), há que recordar e saudar o seu sucesso em 2022. Muita gente passou pela cidade e o impacto direto nas receitas dos comerciantes foi bem-vindo.
Existe, porém, uma história que não foi contada, nem entrou para o elogio final das iniciativas: a total falta de critério na atribuição das licenças de ruído e o absoluto transtorno que isso provocou aos moradores da região da “Cova da Onça”.
Segundo o Regulamento Geral do Ruído, este é proibido, a qualquer dia da semana, entre as 23 e as 7 da manhã. Na tabela dos níveis máximos de exposição, o limite noturno, por lei, varia entre os 45 e os 55 dB(A). Obviamente, que este regulamento é alvo de exceções, consolidadas pelas licenças especiais autárquicas, mais consentâneas com as necessidades das atividades de festas e concertos, para melhor beneficiar promotores, artistas e públicos. Regra geral, essa extensão de limites horários e de som, vai até às 2:00, e a maior parte das festas estão obrigadas a cumprir com rigor. O que se passou em Alcobaça, o ano passado, desafia qualquer entendimento: concertos e sessões de DJ até às 5:30, carrosséis com níveis decibélicos absurdos. Um caos de barulho e deixa andar, que durante uma semana, deixou a “avenida do hospital” em alvoroço.
Como músico/agente profissional, cantor de uma banda muitas vezes criticada por tocar alto (faz parte do nosso som, essa pressão acústica) e como cidadão afetado, venho, por minha voz, partilhar esta preocupação com os responsáveis. Este ano, para além de tudo, junta-se o desafio da existência de um hotel de 5 estrelas (o Montebelo) que veio prestigiar a oferta hoteleira da cidade, e cujo descanso dos hóspedes terá de entrar nesta equação.
Que haja bom senso este ano. Que todos se divirtam, mas no cumprimento não só da lei, bem como do civismo com quem vive em Alcobaça, não só nos tempos do olarilolé, mas todo o ano, com os desafios que existem numa cidade pequena que se tenta impor na região.