É para fazerem uma compra de última hora, para comprarem o pão do dia ou as frutas e os legumes frescos cuidadosamente produzidos pela proprietária que os calvarienses se deslocam diariamente à Mercearia Mila.
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O período de maior afluência é ao final da tarde e mãe e filha não têm mãos a medir com o entra e sai da loja da rua principal da Calvaria de Cima. Matilde, filha e neta das responsáveis chega mesmo a ir dar uma mãozinha de vez em quando depois de regressar da escola.
Há nove anos, mãe e filhas aproveitaram uma oportunidade de negócio e deram continuidade à mercearia que já existia na Rua das Almoinhas há cerca de duas décadas.
“Era aqui que vínhamos sempre abastecer a nossa casa. Não havia mais opções aqui na freguesia”, recorda Emília Cordeiro, cuja alcunha dá nome ao estabelecimento comercial. “Hoje existe a oferta das grandes superfícies aqui bem perto, o que nos tem dificultado um pouco as vendas, mas que oferece alguns benefícios aos consumidores”, acrescenta a comerciante, em declarações ao REGIÃO DE CISTER.
Além do pão acabado de sair do forno, das frutas, das hortaliças e dos legumes, a loja oferece uma vasta seleção de artigos que vão desde os produtos de mercearia e de higiene, aos congelados, aos frescos e até mesmo à roupa de cama e interior.
“Damos prioridade ao que é produzido na região”, sublinha Elisabete Cordeiro que trocou o trabalho num supermercado para ajudar a mãe na mercearia.
Foi aos oito anos que regressou de França com a irmã e os pais que para lá emigraram. Emília Cordeiro trocou a aldeia de Casais de Matos pelos arredores de Paris para se juntar ao marido que lá vivia desde os seus 16 anos. “Regressámos por causa das nossas filhas. Queríamos que estudassem em escolas portuguesas para aprenderem a língua já que lá só comunicavam em francês”, conta. “No entanto, se soubesse o que sei hoje, tinha lá ficado, pois o trabalho lá é bem mais valorizado e muito melhor remunerado”, lamenta a vendedora.
Foi a fazer limpezas que Emília Cordeiro ganhou a vida durante o tempo em que viveu em França. Antes de casar, também trocou a sua terra natal em busca de trabalho e na Comporta trabalhou como resineira durante vários anos.
Atualmente, é na mercearia, nos pomares e na sua horta que D. Mila, tal como é conhecida pelos seus clientes, passa os seus dias. O trabalho nunca a assustou e é de forma ativa que pretende continuar a encarar a vida e os próximos tempos. O importante é haver saúde e energia para abrir a loja de manhã e fechar ao fim do dia, de segunda-feira a sábado.