É bem conhecido aquele poema de Drummond de Andrade, já citado por mim em muitos contextos, incluindo no contexto da comunicação: “E agora, José?/ A festa acabou/, a luz apagou,/ o povo sumiu/, a noite esfriou/, e agora, José?” No contexto a que fomos abruptamente conduzidos, o José seria António Costa. Porém, dado que Costa se prepara para dar outro rumo à sua vida, vou utilizar o mote para outros destinatários…
E agora, Luís?/ O tempo chegou,/ a treta engasgou,/ o dia está negro,/ estás lá, Montenegro?/ E agora, Luís?
E agora, Ventura?/ Palavra já tens/ e chiste também/ Vais continuar / A nos enganar?/ E agora, Ventura?
E agora, Mariana?/ Costa não servia,/ Direita não servia./ Que vais tu dizer / A quem te disser:/ E agora, Mariana?
E agora, Professores?/ Manterão ilusões/ depois de eleições?/ Esperais melhoras/ Depois destas horas?/ E agora, Professores?
E agora, Senhores Médicos?/ Agora é que é:/ Acabou-se o banzé./ O nosso SNS / Vais vos/nos dar benesses…/ É agora, Doutores?
E agora, Reformados?/ Esperam o quê?/ Que a direita vos dê / O que nunca deu?/ Só se for o céu!/ E agora, reformados?
E agora, País?/ O ciclo acabou,/ O Costa saiu/ O aeroporto patina,/ O PRR desafina./ E agora, país?
Não há, é claro, homens providenciais. Apesar dos pesares, e muitos houve, Costa, tinha uma fibra que permitiu manter as coisas governáveis. Em alguns aspetos, apesar de todo o ruído da oposição, em que a mais ensurdecedora foi, contudo, a de Marcelo, houve mesmo desempenhos fantásticos, como foi o caso da economia e do défice. O projeto do aeroporto estava finalmente nos carris. O PRR estava a acelerar. À hora em que alinho estas ideias, enquanto os comentadores oficiais ainda não sabem o que dizer, face à decisão corajosa de António Costa, o PSD, que, há meses, estava pronto para governar e com ideias claras, mantém-se em silêncio. E agora, Luís?