Quem são eles?
Somos todos nós.
Quem no café, disparata sobre russos e ucranianos, israelitas e palestinos, sudaneses, como se de futebol se falasse, e as cabeças rolassem como rola a bola sobre os relvados.
Quem na televisão debita a informação e o seu contrário, 24 horas por dia, 7 dias por semana, invocando mapas, contextos, números de séries, arsenais, alvos, já com os olhos brilhantes do ódio e da destruição que os motiva, e lhes dá razão, a tal propriedade absurda de discutirmos tanto, tanto mas tanto, até ao ponto em que não haja mais ninguém com quem discutir.
Quem nos gabinetes dispara palavras a torto e a direito, na sala oval da América, nos passos perdidos, no kremlin Russo, no ecrã do zoom em casa, em frente à prateleira das encadernações caras da geopolítica, em cima dos ensaios sobre as guerras que nunca cessarão, porque, simplesmente os políticos norte-americanos e a sua clientela da indústria do armamento não querem. Palavras ocas que fazem eco nas esquinas das molduras dos diplomas da Universidade Nova de Lisboa. Presidente que ninguém quereria nunca ver, nas visitas à frente da guerra, a bairros onde até há pouco tempo vivia gente como nós, a ir ao pão, à espera dos filhos, sem se chatear se o vizinho fala russo ou ucraniano.
E eu, longe de casa, dentro de um autocarro por essa Europa fora, a dirigir-me para Leste e para Norte, para territórios mais próximos da “ação”; e a minha família em Alcobaça e na Brandoa, aflita por minha causa e os nosso filhos, como nós nos anos 80 em plena Guerra Fria, a perguntarem-se se os mísseis atingirão Portugal ou se lhe passarão por cima da cabeça.
O Einstein disse qualquer coisa sobre paus e pedras, acerca da Quarta Grande Guerra Mundial.
É melhor começar a apanhá-los.