Começou como uma mercearia, mas na década de 1960 evoluiu para uma loja de faianças regionais. Instalada em pleno Rossio, com o majestoso Mosteiro de frente, a Casa Hipólito carrega a história da louça azul de Alcobaça há seis décadas e assim promete continuar enquanto não faltarem as forças à proprietária.
Começou como uma mercearia, mas na década de 1960 evoluiu para uma loja de faianças regionais. Instalada em pleno Rossio, com o majestoso Mosteiro de frente, a Casa Hipólito carrega a história da louça azul de Alcobaça há seis décadas e assim promete continuar enquanto não faltarem as forças à proprietária.
Aquela que é uma das mais antigas casas comerciais da cidade ficou sempre nas mãos da mesma família, mantendo-se de portas abertas com Maria Dulce Hipólito, que ficou a gerir o negócio sozinha, há 15 anos, depois da morte do marido. No alto dos seus 89 anos, a comerciante continua a atender “com simpatia” os clientes que entram na loja, o que lhe permite manter-se ativa. “Esta casa está aberta porque me ajuda também a manter a mente ativa. As minhas filhas vêm cá ajudar-me, chegámos a ter funcionários, mas hoje não justifica ter esses custos. Além disso, não estou já muito preocupada com os horários, nem com os dias em que abro”, admite, entre sorrisos, a alcobacense.
Por norma, só se encontra a Casa Hipólito aberta depois das 11 horas da manhã e nem sempre isso acontece. Mas quando se entra na loja fica a conhecer-se todo um mundo de produtos relacionados com a faiança de Alcobaça, artesanato regional e não só. “Temos aqui muitas peças, mas também não sei dizer quantas. Mas há algumas peças muito antigas e variadas, embora os estrangeiros, hoje em dia, prefiram peças pequenas e baratas. Antigamente não era nada assim”, assevera Maria Dulce Hipólito, salientando que as obras de requalificação da zona envolvente do Mosteiro “fizeram cair muito o movimento” na loja “e em todo o comércio de Alcobaça”.
A Casa Hipólito foi fundada por João Mota Hipólito, que encontrou na louça de Alcobaça um negócio “que chegou a ser rentável” e assumiu uma loja que ficava próxima do armazém de vinhos do tio, Alberto Neves Hipólito.
“Havia muitas fábricas de louça em Alcobaça e o meu marido percebeu que havia clientes. Chegámos a ter vários funcionários, mas depois o negócio foi perdendo força e hoje temos poucos clientes”, nota a comerciante, que não tem ilusões quanto ao futuro do espaço. “Tudo na vida tem um tempo e sei que, quando morrer, a loja fechará as portas. Fico triste, mas sei que as coisas são mesmo assim”, conclui.