Segunda-feira, Dezembro 23, 2024
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Pandemia pode aumentar poluição nos oceanos e ajudar a delinear estratégias para o futuro

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Aquela que parecia ser a única boa notícia semanas após o início da pandemia da Covid-19 – a descida da taxa das emissões de gases poluentes provocada pela paralisação de diversos setores económicos – afinal não era bem assim. As associações ambientais alertam para o aumento do consumo de plástico, através de materiais de proteção, e o consequente aumento de resíduos nos oceanos.

Aquela que parecia ser a única boa notícia semanas após o início da pandemia da Covid-19 – a descida da taxa das emissões de gases poluentes provocada pela paralisação de diversos setores económicos – afinal não era bem assim. As associações ambientais alertam para o aumento do consumo de plástico, através de materiais de proteção, e o consequente aumento de resíduos nos oceanos.

Com a implementação das medidas de confinamento, a poluição e as emissões de gases com efeito de estufa em Portugal caíram abruptamente, à semelhança do que se verificou no resto do mundo. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, embora não seja “profundamente significativa”, as concentrações de poluentes atmosféricos atingiram níveis muito abaixo do “normal”, principalmente devido à redução da circulação rodoviária.

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No entanto, a utilização de materiais de proteção individual como luvas e máscaras descartáveis aumentou drasticamente e, consequentemente, a produção de resíduos. Durante o período de confinamento, as famílias também produziram mais lixo doméstico, mas colocaram em prática valiosas lições como a reciclagem.

De acordo com dados da Valorlis, responsável pela gestão dos resíduos no concelho de Porto de Mós, o lixo doméstico produzido nos últimos meses aumentou cerca de 6% face ao período homólogo.

Este crescimento também foi verificado na região Oeste, que inclui os concelhos de Alcobaça e da Nazaré. Em oposição, também a recolha seletiva de cartão, papel, vidro e embalagens registou um aumento na ordem dos 18%.

Os dados vão de encontro ao resultado de um inquérito dinamizado pelo Observador Cetelem. De acordo com a marca, 76% dos portugueses estão preocupados com o ambiente e com as alterações climáticas. “Estes dados mostram que, apesar do contexto de saúde pública e económica, os portugueses continuam preocupados com o tema. Uma preocupação transversal a todas as idades e regiões do país”, lê-se em nota de imprensa.

Cerca de 20% dos inquiridos revelam estar mais preocupados com as alterações climáticas desde o início da pandemia, revelando “receio” face ao impacto que a ação nefasta do Homem pode ter no futuro.

Mas o cenário não é tão positivo como aparenta. No entendimento dos especialistas a propagação do Coronavírus vai ter mais impactos negativos do que positivos no que toca às alterações climáticas. Sobre as emissões poluentes, tudo indica que a recuperação económica vai ser feita com uma forte subida na produção, sacrificando preocupações ambientais.

A antevisão é feita com base em outros períodos da história que revelam que os maiores aumentos de emissões registados ao longo das últimas décadas foram após crises que levaram à paragem da produção e a reduções temporárias.

Além disso, os especialistas alertam para a necessidade de financiamento de medidas de emergência adotadas por vários países, que vai obrigar a reorganizar prioridades no futuro, colocando em risco investimentos associados ao combate das alterações climáticas.

Em comunicado, a Quercus sublinha que os oceanos enfrentam também várias ameaças, sendo a mais mencionada nos últimos anos a poluição por plásticos, que veio a agravar-se com a pandemia.

“Se por um lado a pandemia demonstrou ao mundo que quando algumas atividades humanas param, a saúde do nosso planeta melhora, o mesmo não podemos dizer sobre os nossos oceanos”, explica a Associação Nacional de Conservação da Natureza.

No entendimento da Quercus, a “falta de civismo e educação agravou de forma visível a poluição marinha, com o descarte de objetos de proteção individual nas ruas que acabam por ter como destino final o fundo dos mares e oceanos”. Na região, a situação já motivou um comunicado da Câmara de Porto de Mós.

“O uso recomendado ou obrigatório de máscara pressupõe regras básicas de utilização, nomeadamente que depois de utilizadas têm que ser depositadas no caixote do lixo.

O problema é que, nos locais mais inusitados, vamos observando máscaras e luvas usadas deitadas ao chão e até no rio Lena. Esta é uma situação inaceitável”, lamenta a autarquia.

Catarina Raimundo, explica ao REGIÃO DE CISTER que a consciência ambiental está a aumentar e que “existe uma maior preocupação no impacto da atividade humana no meio ambiente”.

“A população vê as consequências das ações nefastas contra o meio ambiente, mas a mudança de mentalidades e de comportamentos não vai ser atingida de um dia para o outro”, assegura a engenheira ambiental.

A alcobacense sublinha que o período da pandemia pode ser importante para refletir, a nível individual e coletivo, sobre mudanças necessárias, como é o caso da “transição energética”. 

Numa luta em que apenas existe um lado, o do meio ambiente, é preciso começar a agir corretamente hoje.  

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