A conjuntura sócio-económica do País não é, grosso modo, favorável, e esse reflexo sente-se, também, na educação. Com prejuízo maior para muitos jovens que têm como objetivo dar seguimento às suas carreiras académicas, mas que, fruto da impossiblidade financeira das famílias, ficam privados de prosseguirem os estudos. Em muitos casos, refira-se, o sonho de chegar à universidade fica pelo caminho…
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Ora, para tentar fazer face a esta problemática, ou, pelo menos, minimizar esta cadência, os municípios têm a responsabilidade social de adotarem políticas que permitam aos jovens dos seus concelhos continuar o seu caminho na busca da melhoria das capacitações para que, no futuro, estejam mais preparados para entrarem no mercado de trabalho.
E é aqui que entram as bolsas de estudo. Falamos, claro está, do ensino superior. Porque os (elevados) custos da vida universitária afastam, muitas vezes, os jovens de um caminho que deveria ser para todos. Ou, pelo menos, que todos deveriam ter essa oportunidade. O REGIÃO DE CISTER debruçou-se sobre esta temática e solicitou aos três municípios da chamada região de Cister os dados relativos aos apoios que cada uma das autarquias fornece a quem termina o ensino secundário e pretende continuar a estudar. E a verdade é que as Câmaras de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós têm vindo a reforçar cada vez mais o seu apoio aos alunos bolsistas.
No caso concreto do Município de Alcobaça, e ainda que os dados sejam provisórios, a verdade é que podemos constatar que o número de bolsas de estudo a atribuir será de 123. Se nos lembrarmos que no último ano letivo foram 50 os alunos bolsistas, estamos a falar num aumento bastante significativo. Reforce-se, no entanto, que estes números cedidos pela autarquia, referentes a bolsas para licenciaturas e mestrados, carecem ainda de procedimentos burocráticos para as respetivas aprovações. No entanto, e se tal acontecer, será a confirmação da alteração regulamentar levada a cabo pela autarquia, uma vez que o limite anterior estava estabelecido nas 50 bolsas de estudo. No concelho de Alcobaça, foram apresentadas, este ano, 138 candidaturas, sendo que a autarquia considerou estarem em condições de ser admitidas 123. Deste número, e segundo os dados fornecidos, deve ter-se ainda em atenção o seguinte: “22 deverão ser consideradas renovação de candidatura (…); conforme ordenação das candidaturas resultante da aplicação do critério previsto no artigo 13.º do regulamento, e tendo presente o número de bolsas de estudo a atribuir, fixado pela referida deliberação da Câmara Municipal em 88, 66 deverão ser classificadas como efetivas; deverão ser excluídas 15 candidaturas, sendo que 10 foram entregues incompletas e os seus candidatos não procederam ao suprimento das deficiências dentro do prazo estipulado (…); uma candidatura foi apresentada fora do prazo (…); três candidaturas não cumprem o requisito previsto na alínea b) do artigo 9.º do regulamento, que determina a capacitação média mensal do respetivo agregado familiar (…); uma candidatura não cumpre o requisito previsto na alínea c) do artigo 9.º do regulamento, que determina que o aluno tem de estar matriculado ou inscrito em estabelecimento de ensino superior e curso no ano letivo para que requer a bolsa (…)”.
Nesse sentido, e ainda de acordo com a deliberação tomada pela Câmara de Alcobaça na reunião extraordinária do passado dia 28 de outubro de 2022, foi proposto “o aumento de 35 bolsas de estudo, para um total de 123, de forma a todas as famílias cujos estudantes apresentem candidatura classificada como suplente possam receber o presente apoio, considerando-se estas candidaturas como efetivas”.
O REGIÃO DE CISTER contactou a vereadora da Educação da Câmara de Alcobaça, que sublinhou a importância de potenciar a ajuda aos jovens que queiram tirar um curso superior.
“A educação é um pilar básico da sociedade e, nesse caso, a Câmara Municipal de Alcobaça deve fazer todos os possíveis para ajudar os alunos a prosseguirem os seus estudos e a terem mais qualificações para chegarem ao mercado de trabalho ainda mais dotados de ferramentas essenciais para os seus futuros. O concelho de Alcobaça aposta bastante na educação, tanto no ensino básico, como no secundário e também no superior, com a atribuição de vários apoios. No fundo, acreditamos que uma sociedade com mais e melhor educação oferece mais capacidade para que todos desempenhem da melhor forma o seu papel no seio da comunidade”, assumiu Inês Silva.
Olhando agora ao que se passa no concelho da Nazaré, também está em estudo a possibilidade de haver uma alteração relativamente às bolsas de estudo a atribuir.
Até ao momento, a Câmara da Nazaré tem em curso a aprovação de 10 bolsas de estudo para o ensino superior, cada uma delas no valor de 1.000 euros, o que significa um investimento de 10.000 euros por parte da autarquia. No entanto, e derivado de várias alterações, também, no seio do ensino superior, nomeadamente a redução do preço das propinas em algumas universidades, a Câmara da Nazaré está a analisar a mudança para a atribuição de 15 bolsas de estudo, baixando, no entanto, o valor de cada uma delas. Caso este projeto avance, então o montante de cada bolsa será de 750 euros. O que significará que o investimento do Município relativamente aos alunos bolsistas passará de 10.000 euros para 11.250 euros.
Em conversa com o REGIÃO DE CISTER, o vereador da Educação da Câmara da Nazaré reforça a aposta nas bolsas de estudo, uma vez que, defende, os alunos que mais necessitem não podem deixar de ser ajudados e, assim, serem obrigados a deixar de estudar.
“Naturalmente que a Câmara da Nazaré está particularmente atenta a esta situação e tudo fará para que os estudantes do nosso concelho que queiram ingressar no ensino superior possam ser ajudados. Costumamos ter, em média, cerca de 20 candidaturas a bolsas de estudo, e o grande objetivo passa por tentar chegar a todos quantos necessitam do apoio da autarquia para continuarem as suas carreiras académicas. Essa é uma das grandes responsabilidades sociais do Município. Afinal, todos queremos cada vez mais alunos dotados de todas as condições para estudarem e ficarem ainda mais preparados para a entrada no mercado de trabalho, independentemente das áreas profissionais que pretendam abraçar quando terminarem os estudos”, analisou Manuel Sequeira.
No concelho de Porto de Mós também houve um aumento significativo relativamente às bolsas de estudo para o ensino superior (licenciatura e mestrado). Não só no número de bolsas atribuídas, como também no montante investido. Nesse sentido, a autarquia portomosense passou de 70 para 85 bolsas atribuídas aos estudantes do concelho, o que significa um acréscimo de 31.200 euros para 51.250 euros.
Em declarações ao REGIÃO DE CISTER, a vereadora da Educação da Câmara de Porto de Mós fala numa resposta clara da autarquia.
“Implementar políticas e programas que promovam a educação e a qualificação académica dos nossos alunos é uma responsabilidade das Câmaras Municipais que se preocupam com o desenvolvimento social, económico e cultural do seu território, como é o caso da Câmara Municipal de Porto de Mós. O investimento na educação é uma medida social importante, essencial para o desenvolvimento da sociedade. A educação é uma ferramenta crucial para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e para a construção de um futuro melhor, potenciando uma sociedade mais justa e igualitária”, salientou Telma Cruz.