Com a chegada das férias, das noites quentes e dos dias a cheirar a mar e a peixe grelhado, chegam também mais turistas, nacionais e estrangeiros, que se vêm juntar a nós. Temos a sorte de viver num concelho com quilómetros de praias, centenas de esplanadas e miradouros de cortar a respiração.
A nossa terra é também um ponto de encontro. Há famílias que, de geração em geração, mantêm o hábito de vir passar connosco as suas férias de verão. E nós, ao recebê-las, ganhamos mais amigos assim.
É bom ver as pequenas vilas, como São Martinho do Porto, ganharem vida e ares de cidade por estes dias. Abrem-se lojas, arejam-se os salões para tirar o cheiro a mofo, sacodem-se carpetes e a baía enche-se, de repente, de pequenas embarcações de recreio que ali ficam até o calor nos abandonar outra vez…
Este veraneio tradicional é completado com o saudável hábito de ocupar as charmosas barraquinhas de tecido às riscas que hão-de resguardar do calor e do vento, as conversas intermináveis que foram interrompidas no verão passado.
Este encanto é, contudo, manchado pelos malfadados plásticos que poluem a paisagem e arruínam o nosso olhar.
No caso, refiro-me aos insufláveis que estão no meio da baía e um pouco por todo o lado. Nos areais das praias, nos parques e nas feiras. Dizem que é para os miúdos se divertirem, mas não me convencem. Estou certa de que os miúdos se divertiriam muito mais se guardassem na memória um mar azul, pontuado de barquinhos, ao invés de uma colónia gigante e insuflável de plásticos cor de laranja, vermelho e amarelo que retira à paisagem toda a beleza e arruína qualquer registo, fotográfico ou outro. Longe de inspirar, a paisagem assim contaminada convida a fugir e só regressar quando desaparecerem os plásticos