Este Verão é mesmo de recomeço. Uma nova normalidade como é usual chamar a estes tempos de adaptação. Até agora, ser responsável na praia queria apenas dizer que se colocava protector, que se evitava as horas de mais calor, que se cumpriam as normas das bandeiras para ir a banhos e que se não poluía o areal. A partir de agora, ser responsável na praia implica um outro valor, ou, melhor dito, um novo conjunto de valores: a paciência, a tolerância e, sobretudo, a solidariedade.
Neste Verão, além das normas de urbanidade habituais, somos convocados a levar connosco, além da toalha, uma boa dose de paciência para esperar, caso a praia esteja cheia, outra de tolerância, sobretudo em relação aos que desconhecem as novas regras e de solidariedade em relação a todos aqueles que esperam o seu lugar ao sol e a quem deveremos saber ceder o nosso espaço.
A praia é bem capaz de ser o mais democrático dos prazeres. É gratuita, oferece a todos, em igual medida, as mesmas maravilhas, o mesmo calor, as mesmas oportunidades de recreio, de sossego ou de encantamento. Ricos, pobres, remediados, velhos e novos recebem por igual a brisa, o pôr-do-sol, o afago da areia e o murmúrio das ondas.
O mar apaga todas as pegadas e não distingue a importância, nem o peso, nem o carácter de quem as imprimiu. Que bonitas lições de vida se podem retirar da experiência da praia. Ali, sem jóias nem medalhas, sem automóveis nem nenhum outro símbolo de estatuto, somos todos igualmente ricos. O sol não nos permite distinguir os óculos de marca dos falsos e ainda bem, porque ali, somos todos donos do nosso pedaço de areia e de mar e de mais nada! Ali temos tudo, e este ano teremos também a nossa humanidade posta à prova.