Uma canção de Adelaide Ferreira, lá para os idos dos anos oitenta – e de gosto muito duvidoso, diga-se desde já – fazendo o balanço de uma relação, gritava para o perdedor, o homem malvado que abandonou a sua amada, perdeste! Abandonando o registo ligeiro desta evocação, fazendo o balanço desta pandemia, no que à educação diz respeito, que resposta daríamos à pergunta “quem perdeu?”
A resposta terá de ser salomónica: perdemos todos. Na verdade, os pais perderam o amparo que uma escola sempre disponibiliza. Sim, porque além da sua função pedagógica, a escola tem também uma função social – tão válida como a primeira. Perderam também os professores e os assistentes (técnicos e operacionais) para quem a escola também é o ponto de referência. Ora, embora muitos deles continuassem a vir às escolas, sentia-se que não era a mesma coisa. A mediação da relação pedagógica pelas plataformas informáticas é um remedeio; nunca a alternativa. E será, por certo, um complemento.
No entanto, os alunos foram, sem dúvida, quem mais perdeu, sem qualquer retribuição em troca. Foram os perdedores líquidos. Os finalistas tiveram um ano triste, sem baile de gala, sem viagem de finalistas sem poderem realizar os muitos projetos que uma excelente Associação de Estudantes tinha planificado. Todos trocaram o local em que socializam, em que constroem os seus amores e desamores, pelas paredes de uma casa. Ainda por cima, tiveram de mostrar, muitas vezes as suas humilhações, comparando paredes nuas com escritórios bem decorados.
Por isso, para eles, em primeiro lugar, um grande abraço solidário.