Valodymyr, mais conhecido por Zelensky, tem 44 anos. É casado com uma linda mulher, Olena, e é pai de Aleksandra e Kiril, dois jovens promissores. Antes de se dedicar à política, era uma estrela da televisão. Venceu as últimas eleições presidenciais, à segunda volta, com cerca de 60%. (Por comparação, os líderes russos, tal como os antigos albaneses, vencem sempre, à primeira volta, sem oposição, com percentagens sempre acima dos 90%…)
Valodymyr não é perfeito. Na verdade, tal como na Rússia, também na Ucrânia há oligarcas. E também há populistas – e o próprio Zelensky se definiu como tal. As relações de Zelinsky com o oligarca Ihor Kolomoyskyi levanta suspeitas. Porém, se isso fosse razão suficiente para invadir um país, que países não seriam invadidos? A Rússia? Os Estados Unidos? A China? E nós, somos perfeitos?
Valodymyr, tendo sido o que foi, revelou-se, porém, de uma estatura heroica, enorme, motivadora, não apenas para um David (Ucrânia) acossado por um furibundo Golias (Rússia), mas para toda uma comunidade cultural e geográfica que se conhece como “Ocidente”. Como resposta à oferta americana de salvamento, terá dito “não precisamos de boleias, mas de munições”… E assim terá renascido o Zelensky que admiro e que quero que viva. No entanto, dizem, matar Zelensky é a prioridade de um grupo de 400 mercenários, recrutados em África, por um valor monetário oligarca.
Sejas quem tenhas sido, Valodymyr, já me emocionaste, já chorei por ti e pelo teu povo. Afinal “populismo” também pode ser isto: gostar do povo. Sem condições e para sempre.
PS. Vi um verdadeiro “intelectual de esquerda”, deputado pelo PCP ao Parlamento Europeu, defender a invasão. Não acredito no que ouvi e vi. Entendi, porém, a razão que está a levar o PCP à insignificância. Acordem: aquela geografia já não pertence à vossa querida URSS. Agora, nessa geografia, mora um regime da direita mais radical, governado por um filho da putin, alucinado e perigoso. Penso que a estrutura local do PCP deveria, em nome da honorabilidade e da confiança que muitos, em termos locais, depositaram, em uma ou outra pessoa, pronunciar-se sobre este assunto.