Ao contrário do que a minha querida esposa disse quando me apresentou à vasta multidão que se juntou para ver o regresso dos (Amália) Hoje ao “Rossio”, no dia 28 de Maio, eu não sou um Alcobacense de gema.
Longe de mim, arrogar-me a esse título.
Sou um suburbano de gema, de uma “aldeia” urbana com um passado tenebroso e, talvez, sem futuro.
É isso que me define enquanto pessoa. Não as torres do Mosteiro, o velho cemitério ou uma juventude passada entre a Sunset e o Bar Ben.
Não tenho essa memória, nem efetiva, nem afetiva. Sou alguém que chegou numa altura diferente à “terra da paixão”, e, que, na matemática da vida, fez contas e por aqui se quedou no resultado.
Decerto que não bebo copos com toda a gente, nem danço todas as danças. Verdade que corto o cabelo em Leiria. Confesso que tenho um estúdio ao pé de Lisboa e que me sinto em casa na feia Brandoa.
Mas, aqui constitui família, por aqui se cria o meu filho, aqui me casei, aqui fundei a minha primeira empresa e aqui pago os meus impostos e tributações.
Isso não me qualifica para mais nada do que ver, com um olhar descomprometido, o potencial da cidade, elogiar o que está bem, apontar o que considero passível de melhoras.
É, aliás, essa a única intenção destes textos que entrego de forma gratuita.
Não quero as chaves da cidade, pago pelas minhas bebidas e convido os meus amigos para virem cá partilhar do deslumbramento que Alcobaça pode provocar a uma pessoa que não nasceu cá.
Não sendo um alcobacense de gema, gosto da cidade e agradeço o respeito com que a maioria das pessoas me tratam.
Tento fazer parte da valorização da mesma e almejo uma coisa que é comum a toda a gente: ser feliz onde vivo.
Desejem-me sorte.